terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Poema de Alberto Cohen


Calidoscópio


© Alberto Cohen


As palavras secaram em minha boca
e há tanta coisa, ainda, por dizer...
É o fim, talvez, de um tempo de poesia,
entressafra nos campos do sonhar.
Quando perdi o meu calidoscópio,
a profusão de imagens e de cores
que o menino me deu para espalhar?
Foi no dia em que eu soube que as estrelas
não eram manteúdas do luar,
e os vaga-lumes, brilhando na noite,
apenas pareciam pedacinhos
da luz que elas deviam ter no olhar.
Foi quando entendi que não eras fada,
princesinha encantada, Rapunzel,
e meus poemas pouco mais que tinta
que a caneta escorreu sobre o papel.

2 comentários:

  1. Márcia,

    Cohen, do seu jeitão simples e sóbrio, desvenda o delicado momento no qual saímos do emanharado (caleidoscópio) das fantasias e vemos, à nossa frente, a mulher em sua plenitude.
    Belo Poema, grande Poeta.

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  2. Papel e tinta sensíveis ao passado e presente. Uma maneira bastante pessoal e encarar fatos da vida.

    Abraço, Cohen.

    Jorge

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