quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Perdemos Nelson Mandela...


"Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos."

Nelson Mandela
18.07.1918 - 05.12.2013




O dia acorda e a estrela inda é visível,
pois que seu brilho a toda dor resiste
trazendo, à vida, o sonho que persiste.

(Trecho do soneto "Sonhos", de Márcia Sanchez Luz)



Para comentar, clique no link a seguir: http://copiamarciasanchezluz.wordpress.com/2013/12/05/perdemos-nelson-mandela/, já que o blogger não se manifesta com relação às minhas mensagens pedindo que me devolvam o espaço para comentários.

Obrigada.

Márcia Sanchez Luz

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

COMENTÁRIOS

PEÇO A QUEM QUISER COMENTAR AS POSTAGENS QUE CLIQUE NO LINK A SEGUIR - APÓS INÚMERAS TENTATIVAS DE CONTATO COM O BLOGGER PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS, TAIS COMO AUSÊNCIA DO ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS, DECIDI CRIAR UMA CÓPIA DESTE BLOG USANDO A PLATAFORMA DO WORDPRESS. 

http://copiamarciasanchezluz.wordpress.com/

OBRIGADA, 

MÁRCIA

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Márcia Sanchez Luz na antologia "Poesia para mudar o mundo"

Blocos Online, sempre com surpresas maravilhosas, lança hoje a Antologia "Poesia para mudar o mundo"


Vale a pena ler os poemas de 56 poetas que acreditam que a poesia pode mudar o mundo, que ela pode fazer com que as pessoas se tornem melhores, menos violentas, mais sensíveis, mais reflexivas, mais participativas, mais amorosas, mais atenciosas, mais criativas.

Link para a capa da antologia:
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/obrasdigitais/mudarmundo/01/index.php


PEÇO A QUEM QUISER COMENTAR AS POSTAGENS QUE CLIQUE NO LINK A SEGUIR - APÓS INÚMERAS TENTATIVAS DE CONTATO COM O BLOGGER PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS, TAIS COMO AUSÊNCIA DO ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS, DECIDI CRIAR UMA CÓPIA DESTE BLOG USANDO A PLATAFORMA DO WORDPRESS.

sábado, 2 de novembro de 2013

Jornada - soneto de Airo Zamoner

Jornada *

Airo Zamoner. Primavera de 2013


(Img: O Grito, de Edward Munch)



























A manhã que me açoita calores e gelos
era outrora só risos do alto da serra.
E se agora me finge tais beijos e apelos,
um escuro e arrogante final me descerra.

Se, tirana, me impinge a deixar meus valores
eu reluto que deles preciso no inverno
que me exaure das lutas vencidas. As dores,
estas que fiquem puras, ferventes, no inferno.

Sim! Deixo-os todos, meus órgãos digitais!
Não me olhes assim, de repente calada!
Tiram-me dos meus sonhos: estranhos metais.

Eu sei! Já não me cabe decidir mais nada!
Enquanto os pensamentos teimam, nos umbrais
publicam-se os anúncios do fim da jornada.

* Do livro em preparo "Últimos Sonetos"

(Soneto publicado com a autorização do autor)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Colibri, de Luiz Eduardo Caminha

(Img: Beija-flor em pose histórica, Márcia Sanchez Luz) 

















O  C o l i b r i*
Luiz Eduardo Caminha

O colibri rouba,
No beijo,
O doce da flor.

Voa leve, jeitoso,
De galho em galho,
De flor em flor.

Poliniza, reproduz,
Faz da flor o fruto,
Do fruto, semente.

E faz, novamente,
O ciclo da vida,
Do doce da flor,
Do beijo... do amor.

O colibri voa, e rouba
No beijo,
O doce que é flor,
A flor que é fruto,
O fruto que é vida.
A vida que é... amor.

P.S.: ...E se não houvessem flores???

* Do Livro Reflexos

sábado, 14 de setembro de 2013

ANTOLOGIA “POESIA PARA MUDAR O MUNDO”





ANTOLOGIA “POESIA PARA MUDAR O MUNDO”
Mais uma iniciativa de Blocos Online

Este projeto não é para todos os poetas. É exclusivamente para aqueles que acham que a poesia pode mudar o mundo, que ela pode fazer com que as pessoas se tornem melhores, menos violentas, mais sensíveis, mais reflexivas, mais participativas, mais amorosas, mais atenciosas, mais criativas.
Esse projeto é apenas para os poetas que acham que a poesia pode transformar o mundo em um lugar melhor: mais arejado, mais digno, e que, através dela, as pessoas podem entender melhor seus sentimentos e suas vidas, questionando estereótipos, preconceitos e semeando o diálogo como forma de envolvimento social. Um projeto somente para os que acham que a palavra tem força e poder de derrubar barreiras, muros, fronteiras, contribuindo para um planeta mais lúdico e lúcido.
Nós, de Blocos online, acreditamos nesta proposta há dezessete anos na rede, e há mais tempo ainda antes do advento da internet. Cremos ardentemente na transformação do mundo através da literatura. Se você tem o mesmo objetivo, venha participar conosco deste amplo projeto de amor pela poesia, pela natureza, pela vida.

INFORMAÇÕES DO PROJETO “POESIA PARA MUDAR O MUNDO” 

• Publicação on line - Antologia digital. 
•  Cada poeta participará com um poema mais longo (de 28 versos), ou dois poemas de tamanho menor, ou até quatro poemas curtos, que totalizem no máximo este mesmo número de vinte e oito versos, além de uma biobibliografia de até 450 palavras e uma foto 3x4 (não pode ser maior do que este tamanho). Os poemas não precisam ser inéditos, porém precisam não estar ainda on line no nosso portal. Não serão aceitos poemas político-partidários ou ofensivos a qualquer pessoa ou religião.
• Quem preferir poema visual pode enviar duas (que caibam em uma página) ou um poema ilustrada. 
• Preço da participação: R$ 100,00 (pagamento por depósito bancário — serão fornecidos os dados aos que confirmarem a sua participação).
• Prazo limite para o envio: 18 de outubro de 2013, impreterivelmente.
• Lançamento: até final de novembro de 2013. 
• Organização: Leila Míccolis.
• Quem estiver interessado em participar comunique-se através de uma mensagem endereçada a mim, para o email:blocos@blocosonline.com.br
• Realização Blocos Online – pioneiro em literatura na Internet.


Os editores

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

PARA FAZER UM SONETO

Carlos Pena Filho* 


Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere pelo instante ocasional.
Neste curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.

Aí, adote uma atitude avara:
se você preferir a cor local,
não use mais que o sol de sua cara
e um pedaço de fundo de quintal.

Se não, procure a cinza e essa vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse,
antes, deixe levá-lo a correnteza.

Mas ao chegar ao ponto em que se tece
Dentro da escuridão a vã certeza,
Ponha tudo de lado e então comece.


*Carlos Pena Filho, poeta do azul como ficou conhecido, era pernambucano do Recife, autor de “O tempo da busca”, “Memórias do Boi Serapião”. Foi um renovador do soneto na temática e, sobretudo, na linguagem, carregada de oralidade, essencialmente musical e de forte apelo pictórico.

Fonte: Jornal de Poesia, de Soares Feitosa

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Poeta Castrado, não!


José Carlos Ary dos Santos














Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo, dromedário
fogueira de exibição
teorema, corolário
poema de mão em mão
lãzudo,  publicitário,
malabarista,  cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo,
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura, como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria,
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala…
é tão vulgar que nos cansa ...
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história…
a morte é branda e letal ...
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia? …
Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?! …
Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo, mau profeta
falso médico, ladrão
prostituta, proxeneta
espoleta, televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!

(Poema enviado por Eugénio de Sá)
  

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Celebrando Solano Trindade












24.07.1908 – 19.02.1974


Canta América

Não o canto de mentira e falsidade
que a ilusão ariana
cantou para o mundo
na conquista do ouro
nem o canto da supremacia dos derramadores de sangue
das utópicas novas ordens
de napoleônicas conquistas
mas o canto da liberdade dos povos
e do direito do trabalhador...


Eu gosto de ler gostando

Eu gosto de ler gostando,
gozando a poesia,
como se ela fosse
uma boa camarada,
dessas que beijam a gente
gostando de ser beijada.

Eu gosto de ler gostando
gozando assim o poema,
como se ele fosse
boca de mulher pura
simples boa libertada
boca de mulher que pensa...
dessas que a gente gosta
gostando de ser gostada.


Tem Gente com Fome

Trem sujo da Leopoldina
Correndo, correndo, parece dizer
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome
Estação de Caxias
De novo a correr
De novo a dizer
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome
Tantas caras tristes
Querendo chegar em algum destino
Em algum lugar
Sai das estações
Quando vai parando começa a dizer
Se tem gente com fome, dá de comer
Se tem gente com fome, dá de comer
Se tem gente com fome, dá de comer
Se tem gente com fome, dá de comer
Mas o trem irá todo autoritário
Manda o trem parar
- Shhhhiiiii!


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Dois poemas de Iremar Marinho












Cavatina para William Blake

Eu me rendo,
William Blake.
Eu te vendo
Minh'alma
De pé-quebrado.
Não suporto mais a luta
do teu céu com meu inferno.

___________                                   


Para Lêdo Ivo
(Ao modo de Sidney Wanderley)
Iremar Marinho

Ninguém sai do poema de Lêdo
Sem o mar estético
Sem as várzeas fluidas
Sem as raparigas do Cavalo Morto

Ninguém sai do poema de Lêdo
Sem lama lacustre
Sem dormir com as putas
Dos velhos sobrados
Do Jaraguá redivivo

Ninguém sai do poema de Lêdo
Sem o açúcar bruto
Do porão das naves
No porto ancoradas

(Poemas publicados com a autorização do autor)

sábado, 15 de junho de 2013

Samuca Santos partiu, mas nos deixou (dez)ilusões...


(dez)ilusões











Samuca Santos
(*09/06/1960 +06/06/2013)

não quero a menina
não saberia o que fazer com ela
também não sei onde foi se esconder
nos corredores de outrora
tenho certeza que não

queria a promessa dos seios
no corpinho leve
a boca que não sabia beijar
e toda a precocidade do pensamento
em formação
: a menina tinha atitude
e era tudo o que eu quis

mas também não sei se quero
a mulher com seus problemas
adultos, somos absurdos
e não nos encontraremos nunca

(república de olinda, 01/03/2011)

 (Poema enviado por Cicero Melo)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Maria Inês Nassif escreve sobre o novo romance de Urariano Mota

Jimeralto é O filho renegado de Deus, o personagem atormentado que se mistura com o narrador preciso da miséria humana. Por meio dele, Urariano Mota percorre com singular habilidade vidas que se expõem a todos, sem qualquer privacidade, em 10 casinhas que se amontoam num beco, no Recife dos anos 50. O adulto Jimeralto narra seu mundo da infância em 2012, num acerto de contas com um passado profundamente ofendido pelo preconceito. Por esse mundo trafegam homens embrutecidos – antes pelo preconceito do que pela pobreza – e mulheres brutalizadas por seus homens. Ou homens que também se deixaram enternecer por mulheres.

Mas, antes de tudo, os personagens são a mãe, que apenas poderia se chamar Maria, tal a candura e a carência, e o pai, Filadelfo. A mãe que abdica dos prazeres da vida, do sexo, do amor, num casamento pobre como o dela, desalentador como sua vida; mas a Maria que, mesmo falecida quando o filho tinha oito anos, aos 29 anos, é a mesma que abriu a ele as primeiras visões do prazer sexual: o seio farto que o amamentou até menino; as carícias de mãe, inocentes, que ainda assim deram vida ao seu sexo ainda pequeno, quando isso apenas era um prenúncio de prazeres adultos.

O pai, insensível, fecha-se na dureza de sua alma: priva do amor a mulher e o filho, compensa sua origem de neto de escrava com putas louras, castiga, é vítima e alimenta preconceitos. Mas, ao mesmo tempo, tem visões e recebe reprimendas do padrinho morto. “O que você fez de sua vida, menino?”, pergunta a visão.

Urariano, na sua narrativa, estabelece uma linha tênue entre o amor sublime e o desejo, entre o afeto e o sexo. Às vezes, o sexo substitui o amor sublime, como no caso da vizinha Esmeralda, uma ninfomaníaca que acaba trazendo o conhecimento do prazer sexual à vida das crianças do beco, pouco protegidas pelas paredes finas e pelos cômodos reduzidos de suas casas, que se empilhavam com as de seus vizinhos. Às vezes, o amor se confunde com o sexo, como na ligação de Maria com o irmão gêmeo, homossexual. Maria é apaixonada pelo irmão, conclui Jimeralto. Embora o sexo seja uma impossibilidade, ela o ama porque ele é o homem da sua vida que é igual a ela. Não é a autoridade que se impõe pela força. É a possibilidade da conversa, da gargalhada, do sorriso. E é o seu amor porque as pessoas têm uma necessidade irrefreável de amar, diz o autor.

“Ama-se um gato, ama-se um cachorro, um papagaio, uma flor que ninguém quer ou vê. Talvez esse amor que deriva e vaga por objetos e coisas que não respondem, ou respondem abaixo da fome de amar, talvez sejam os sintomas do afeto que procura no mundo um indivíduo que lhe responda. Ou, quem sabe, o amor elástico, amplo e plástico onde tudo cabe”.

Urariano Mota faz o percurso de volta, da maturidade à infância, na vida de um ex-preso político, mergulhando o leitor numa rara riqueza de personagens e sentimentos, profundos e contraditórios. O amor e o ódio são um dado na vida de Jimeralto, mas ambos são sentimentos profundos, com os quais o personagem tem de lidar. O acerto de contas acontece em torno do caixão da mãe – em cenas oníricas onde ele, Jimeralto, reconstitui o amor que nutre por uma Maria que morreu quando ele tinha oito anos, e da qual pouco se lembra até que refaz essa trajetória; e o pai estampa o amor que nutre pela mulher morta, enterrada com um filho frustrado na barriga, em crises de arrependimento.

Urariano Mota, autor de Soledad no Recife, mantém a centralidade da figura feminina, como no seu romance anterior. Maria e Soledad são fortes e ternas. A coragem e a ternura mais uma vez se unem como qualidades femininas acossadas pelo desprezo de companheiros frios. Maria e Soledad, todavia, sabem amar “aquele amor elástico, amplo e plástico, onde tudo cabe”.

Fonte: VIOMUNDO


segunda-feira, 20 de maio de 2013

LANÇAMENTO DO LIVRO “DESFAMILIARES”, DE LEILA MÍCCOLIS


Livro: DESFAMILIARES – Obra poética de Leila Míccolis (1965-2012)
Autora: Leila Míccolis
Editora: Annablume (São Paulo)
Lançamento:  7 de junho  de 2013, Livraria da Travessa de Ipanema, às 19 horas
Páginas: 578


A OBRA

DESFAMILIARES traz a poesia de Leila Míccolis, reunindo suas obras individuais, as em parceria e os poemas esparsos em antologias nacionais de 1965 a 2012 e também Fortuna crítica: Affonso Romano de Sant’Anna, Angela Garcia, Carlos Nejar, Gilberto Mendonça Teles, Heloísa Buarque de Hollanda, Ignácio de Loyola Brandão, Ítalo Moriconi, Jair Ferreira dos Santos,  Nélida Piñon, Wilberth Clayton Ferreira Salgado. A capa é dos artistas pláticos: Urhacy Faustino e Mônica Banderas. Prefácio: Glauco Mattoso. 

Apresentação: Antonio Vicente Seraphim Pietroforte.

Sua produção poética não é acomodada ou suave, até porque sua autora é um dos ícones da Poesia dos Anos 70, que traz a insubordinação e o questionamento como algumas de suas características principais. Os poemas de Leila Míccolis são em geral transgressores, demolidores, irônicos, ferinos, críticos, cítricos, rebeldes, provocativos, mas bem-humorados. Inquietam, abalam, surpreendem. A obra de Míccolis, considerada uma das primeiras poetisas feministas brasileiras, contribui para a reflexão sobre a construção social da igualdade dos gêneros. Porém ela não se atém ao âmbito do universo feminino: vive amplamente o cotidiano do mundo contemporâneo – com suas perplexidades e contradições – interagindo com todos os grupos e setores da sociedade.

A AUTORA

Carioca, advogada (sem exercer atualmente a profissão), Mestra e Drª em Teoria Literária pela UFRJ (fazendo o pós-doutoramento), escritora, 30 livros editados (poesia e prosa), obras publicadas na França, México, Colômbia, África, Estados Unidos e Portugal, teatróloga, roteirista de cinema e escritora de novelas de TV, entre elas: “Kananga do Japão”, “Barriga de Aluguel” e “Mandacaru”. Ministra cursos on line de teledramaturgia. Elaborou verbetes para a “Enciclopédia de Literatura Brasileira” (MEC/OLAC) e também publicou: “Catálogo da Imprensa Alternativa”, 1986, pela RioArte/Prefeitura do RJ. Publicada na Revista Poesia Sempre (Biblioteca Nacional/MEC), consta do Banco de Dados Informatizados do Banco Itaú - Módulo Literatura Brasileira, Setor Literatura/ Brasileira/Poesia/Tendências Contemporâneas) e dos “Cadernos Poesia Brasileira” - vol. 4, “Poesia Contemporânea”, editado pela mesma instituição, 1997. Coedita Blocos, com Urhacy Faustino, revista impressa e eletrônica .

sábado, 4 de maio de 2013

SEIS ANOS DO BLOG MÁRCIA SANCHEZ LUZ


Remendos

© Márcia Sanchez Luz

(Img:Itzchak Tarkay)
 
Muitos são pequenos excertos
de grandes paixões
de poemas que falam
o que minha boca cala.
Muitos são pequenos remendos
de poucos retalhos
que consegui obter
a duras penas.
Poucos são grandes acertos
que me dispus a contar
nas noites de insônia
nos dias chuvosos
nublados
turvos
frios. 




terça-feira, 16 de abril de 2013

Um soneto de Nathan de Castro


Sina de Poeta

© Nathan de Castro


Nem tanto pelo sol, nem tanto pela chuva...
somente pra viver rabisco estes sonetos.
Nem tanto pelo mar, nem tanto pelos rios,
nem pelas madrugadas das noites escuras.

Saudade dos teus olhos, dos beijos de uva?
Do abraço, do sorriso e até dos desafetos?
Saudade dos canteiros, línguas e arrepios?
Dos sabores dos vinhos das nossas loucuras?

Nem tanto por teus olhos, mais pelo silêncio
de rebuscar momentos, sonhos e querências...
nem tanto pelo estrago aqui dentro do peito!

quero "o" poema... e a lua sabe a sua essência,
mas não conta o segredo e a minha sina, aceito.
Se sei poeta, vou morrer sem tê-lo feito!

quarta-feira, 27 de março de 2013

A poesia de Lígia Saavedra




"qual o sentir que me assume?
miro o pensar, abro a rua
da alma que sonha com a lua
do brilho "só teu", vagalume..."
 (Lígia Saavedra)


quinta-feira, 14 de março de 2013

Castro Alves, no Dia Nacional do Poeta

As duas flores













Castro Alves
(14.03.1847 – 06.07.1871)


São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor! 


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS - Fabrício Carpinejar




A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS

Morri em Santa Maria hoje.
Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925.
Numa ladeira encrespada de fumaça.
A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul.
 Nunca uma nuvem foi tão nefasta.
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia.
Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para sempre.
O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.
As chamas se acalmaram às 5h30,
mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.
Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?
O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço.
 Não vão se lembrar de nada.
Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram suas crianças.
As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.