sexta-feira, 23 de março de 2012

Aos 80, Chico Anysio se despede desta vida...




Monólogo Mundo Moderno

Chico Anysio


E vamos falar do mundo, mundo moderno
marco malévolo
mesclando mentiras
modificando maneiras
mascarando maracutaias
majestoso manicômio
meu monólogo mostra
mentiras, mazelas, misérias, massacres
miscigenação
morticínio, maior maldade mundial
madrugada, matuto magro, macrocéfalo
mastiga média morna
monta matumbo malhado
munindo machado, martelo
mochila murcha
margeia mata maior
manhazinha move moinho
moendo macaxeira
mandioca
meio-dia mata marreco
manjar melhorzinho
meia-noite mima mulherzinha mimosa
maria morena
momento maravilha
motivação mútoa
mas monocórdia mesmice
muitos migram
mastilentos
maltrapilhos
morarão modestamente
malocas metropolitanas
mocambos miseráveis
menos moral
menos mantimentos
mais menosprezo
metade morre
mundo maligno
misturando mendigos maltratados
menores metralhados
militares mandões
meretrizes marafonas
mocinhas, meras meninas,
mariposas
mortificando-se moralmente
modestas moças maculadas
mercenárias mulheres marcadas
mundo medíocre
milionários montam mansões magníficas
melhor mármore
mobília mirabolante
máxima megalomania
mordomo, mercedez, motorista, mãos
magnatas manobrando milhões
mas maioria morre minguando!
moradia meiágua, menos, marquise
mundo maluco
máquina mortífera
mundo moderno melhore
melhore mais
melhore muito
melhore mesmo
merecemos
maldito mundo moderno
mundinho merda!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Feito Raro

© Márcia Sanchez Luz

Pelo Dia Mundial da Poesia


(Img: Márcia Sanchez Luz)
















Embora tudo se transforme
e entorne à terra a água que transborda
transfigurando a única certeza inerte
que embota a alma de tristeza incerta

Embora tudo o tempo apague
e o riso doce transpareça a crença
de uma criança que se agita em festa
desfigurando a lógica que açoita

Embora tudo não se aquiete agora
e a dor que assola não se locomova
na ausência tosca de uma lamparina
ardendo em fogo que nunca se apaga

Eu quero o ar não rarefeito
o feito raro de uma estrela
que atrelada a um minotauro
traga mitos e matrizes
se enlaçando em cicatrizes
entranhadas, renitentes.

sábado, 3 de março de 2012

Poema de Leila Míccolis

Arco-íris e trovões

(Imagem cedida por Leila Míccolis)













Só o céu consegue o tento
de ser bravo e colorido
ao mesmo tempo.


Leila Míccolis



(Poema publicado com a autorização da autora)