Pelo Dia Mundial da Poesia
(Img: Márcia Sanchez Luz) |
Embora tudo se transforme
e entorne à terra a água que transborda
transfigurando a única certeza inerte
que embota a alma de tristeza incerta
Embora tudo o tempo apague
e o riso doce transpareça a crença
de uma criança que se agita em festa
desfigurando a lógica que açoita
Embora tudo não se aquiete agora
e a dor que assola não se locomova
na ausência tosca de uma lamparina
ardendo em fogo que nunca se apaga
Eu quero o ar não rarefeito
o feito raro de uma estrela
que atrelada a um minotauro
traga mitos e matrizes
se enlaçando em cicatrizes
entranhadas, renitentes.
A sonetista protesta. Sabe que o tempo tudo apaga, mas quer respirar o ar não rarefeito.
ResponderExcluirNem eu, Márcia, nem eu...
Beijos,
Jorge
Belo poema, Márcia! Contudo, o tempo não apaga nada!
ResponderExcluirCicero
se tudo transtorna
ResponderExcluirdesborda da margem
certo é o vazio
compacto, perene
Se a luz desbrilha
o coração desfibrila
as tão velhas bodas
são laços de fitas
Se loucas, tal birutas
aos ventanis sonoros
queimam de luas os poros
orvalhados de suor da aurora
o peito inflado, aspirado
o pó de opacas, escuras fendas
do galope ciclópico desmontado
das cores todas resta o negro
a essência despegada da tez
láctea lembrança da tua nudez
Márcia, elogiá-la seria o lugar comum. Momentos há nos quais integramos profundamente as palavras de seres afins, sem filosofias, sem rascunhos. Diria que, até, instintivamente, como se cada novo texto, ao nascer, já nos integrasse... "Feito Raro" tem essa virtude. E quando ocorre, ficamos em (e)terna e grata dívida!
ResponderExcluirBeijos.
Bravo, Márcia, belo poema! um abraço!
ResponderExcluirObrigada, Mario. Que prazer em vê-lo aqui!
ExcluirAbração.