A última porta
© Airo Zamoner
Fog in the park, Leonid Afremov |
Quantas portas abri? Foram milhares?
Quantas se abriram dóceis, obedientes?
Quantas atravessei, só com olhares
desconfiados, furtivos, quais serpentes?
Quantas atravessei, só com olhares
desconfiados, furtivos, quais serpentes?
Muitas,
peremptório, recusei,
e condenado eu fui, causando espanto.
Mas, sem atalhos, persegui a Lei
sem titubeios, sem um entretanto.
e condenado eu fui, causando espanto.
Mas, sem atalhos, persegui a Lei
sem titubeios, sem um entretanto.
E surge
agora, rindo, a nova porta,
rangendo, impassível. Na volta e ida,
meus argumentos todos ela corta
rangendo, impassível. Na volta e ida,
meus argumentos todos ela corta
e me expulsa,
assim, abstraída,
sem modos, sem decência. Nem se importa
que a plateia me aplauda na saída.
sem modos, sem decência. Nem se importa
que a plateia me aplauda na saída.
(Primavera,
Novembro 2016)