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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Airo Zamoner: A maestria de um ser iluminado

A última porta

© Airo Zamoner


Fog in the park, Leonid Afremov















Quantas portas abri? Foram milhares?
Quantas se abriram dóceis, obedientes?
Quantas atravessei, só com olhares
desconfiados, furtivos, quais serpentes?

Muitas, peremptório, recusei,
e condenado eu fui, causando espanto.
Mas, sem atalhos, persegui a Lei
sem titubeios, sem um entretanto.

E surge agora, rindo, a nova porta,
rangendo, impassível. Na volta e ida,
meus argumentos todos ela corta

e me expulsa, assim, abstraída,
sem modos, sem decência. Nem se importa
que a plateia me aplauda na saída.


(Primavera, Novembro 2016)

sábado, 2 de novembro de 2013

Jornada - soneto de Airo Zamoner

Jornada *

Airo Zamoner. Primavera de 2013


(Img: O Grito, de Edward Munch)



























A manhã que me açoita calores e gelos
era outrora só risos do alto da serra.
E se agora me finge tais beijos e apelos,
um escuro e arrogante final me descerra.

Se, tirana, me impinge a deixar meus valores
eu reluto que deles preciso no inverno
que me exaure das lutas vencidas. As dores,
estas que fiquem puras, ferventes, no inferno.

Sim! Deixo-os todos, meus órgãos digitais!
Não me olhes assim, de repente calada!
Tiram-me dos meus sonhos: estranhos metais.

Eu sei! Já não me cabe decidir mais nada!
Enquanto os pensamentos teimam, nos umbrais
publicam-se os anúncios do fim da jornada.

* Do livro em preparo "Últimos Sonetos"

(Soneto publicado com a autorização do autor)