sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Texto de Paulo Roberto Bornhofen


Três formas de terror

Paulo Roberto Bornhofen


O cenário estava se armando. Quase quatro meses de chuvas. O solo estava encharcado, o rio, o famoso Itajaí-Açu, ganhava volume e tentava fugir de sua calha. O final de semana apenas começara, era sábado. Pela manhã, fui participar da Conferência Municipal de Cultura. Em meio a discussões sobre a cultura, um único assunto ganhava unanimidade, a chuva.
Quando voltei, no período da tarde, para o encerramento dos trabalhos, fui informado de que a conferência estava suspensa. O prefeito havia decretado estado de emergência. Voltei para casa e no caminho pude notar que as pessoas andavam apressadas, preocupadas. Cheguei a casa e fui deitar.
O barulho da chuva, que caía de forma torrencial, acordou-me. Fui até a cozinha e comecei a saborear uma castanha, quando pela janela da área de serviço notei o trânsito parado e sobre a pista da estrada havia uma lâmina de água barrenta, vermelha. A cidade começava a sangrar e eu não percebera. Fui até a sala, para olhar pela sacada, quando o trânsito parado na via que sai do Parque Vila Germânica chamou minha atenção. Quando cheguei à sacada a surpresa chocou. A rua em frente ao meu condomínio estava tomada pelas águas. Os carros passavam de forma cuidadosa. A água começava tomar a entrada do condomínio.
De súbito, corri e acordei minha esposa. Liguei para o COPOM para saber da situação e fui informado de que o Comandante do Batalhão estava presente. Liguei para ele e ouvi a sentença: “o plano de chamada está sendo ativado e és o primeiro a ser chamado!”. Já havia passado por esta situação antes, em meus 24 anos de serviço policial militar, dos quais 90% servidos em Blumenau; era a minha 5ª enchente.
Rapidamente preparei uma mochila, com alguns itens básicos, como o material de higiene, meias e cuecas. O fardamento eu guardo no quartel. Moro perto do Quartel do meu Batalhão e, pela experiência, sabia que não devia ir de carro. O Quartel pega água e sempre que Blumenau sofre com uma enchente, a casa da Polícia Militar é uma das primeiras a ser atingida. Não conseguia encontrar caminho para o quartel, estava tudo alagado. Liguei novamente para o Comandante, solicitando uma viatura.
Fui socorrido por uma de nossas viaturas do tipo camionete e no retorno ao quartel fomos parados por um grupo de pessoas que pedia auxílio para uma mãe com uma criança de 18 dias. Eram evangélicos que estavam participando de um encontro no Parque Vila Germânica, encontro este que também havia sido cancelado. Diante da situação, coloquei a mãe, com a criança nos braços, e mais uma senhora na viatura e partimos para a sua casa. Ele nos informou que morava na Rua José Reuter, no Ristow. O caminho foi longo. O cenário já era preocupante. Muitos alagamentos e deslizamentos pela via davam uma pequena mostra do que viria. A cidade não apenas sangrava, mas em alguns lugares ela já deixava sua carne à mostra. A cidade começava a mostrar suas entranhas, mas eu não percebia, não só eu, acho que até aquele momento ninguém percebia.
Quando chegamos à rua indicada, a senhora pediu-me que a deixasse antes de sua casa, que era em um morro, pois se parássemos em frente, ela não conseguiria sair, já que a viatura era muito alta. Lembro que ela ainda apontou para a sua casa e disse: - é lá que eu moro. Hora mais tarde, aquela região foi uma das mais castigadas da cidade, com a destruição de inúmeras casas pelo deslizamento de terra e muita gente morreu.
Quando cheguei ao quartel, me reuni com o Comandante e adotamos algumas medidas visando proteger o patrimônio. Por volta das 22:00h fomos dispensados. As previsões não apontavam para cheias. Confesso que fiquei feliz em voltar para casa. Fui a pé. As águas já haviam baixado e não encontrei nenhuma área alagada. Era uma trégua diabólica, apenas para transmitir uma falsa sensação de segurança. Uma pausa para o pior.
Blumenau e todo o Vale seriam tomados pelo terror. Silenciosamente a cidade era tomada por forças de proporções catastróficas. A cidade que aprendera a conviver com as seguidas cheias do rio não estava preparado para o que a aguardava. De forma sistemática e cruel, e natureza iria revelar toda a sua ira. A enchente teria companhia. Como que em uma bizarra aventura épica, um monstro com três corpos iria atacar o vale. A população seria acuada, judiada, massacrada. Os morros, que em épocas passadas eram o refúgio para as cheias, haviam se transformado em mortais armadilhas. Deslizamentos iriam tirar a vida de mais de uma centena de aterrorizados moradores do Vale.
Mas não no Domingo durante o dia. Novamente as águas recuaram. Nós voltamos ao quartel, havia sido chamado, novamente às 02:00h, em plena madrugada. Podemos dizer que o Domingo foi ameno durante o dia. Quando a noite se aproximou, nos preparamos para ficar ilhados no prédio do COPOM. Continuamente, as águas foram subindo. Não como nas enchentes que a cidade já havia testemunhado. O volume de água foi demasiado para um solo já castigado e ensopado por quase quatro meses de chuva. A enchente seria precedida de alagamentos. Lugares que tradicionalmente eram atingidos com determinadas cotas do rio, simplesmente ficaram embaixo d’água, independente da cota. Assim, de forma sorrateira, com total vilania, as águas pegaram os moradores de surpresa. É tradição que se adote determinada medida em função das cotas. Esta tradição foi destruída, desmoralizada, não serve mais para nada.
De agora em diante, quem se guiar pelas cotas estará placidamente esperando a morte chegar e não, como no passado, estará em estado de alerta para enfrentar, e vencer como tantas vezes já ocorreu, com a bravura (a bravura que moldou a multicolorida Blumenau) indômita dos orgulhosos blumenauenses, mais uma enchente. Triste ilusão que cega os sofridos bravos!
Com a chegada da noite nos instalamos no COPOM. Os telefones de emergência não paravam, assim com as águas do Ribeirão da Velha, que perigosamente passam e míseros metros dos fundos do aquartelamento. Sem pedir licença, e muito menos encontrar resistências, as águas foram tomando o quartel. Rapidamente uma furiosa lâmina tomou conta de todo o pátio. O Ribeirão da Velha, ardilosamente se apoderou do nosso quartel e lançou um braço que cortou caminho para evitar uma curva que contorna os fundos do mesmo. Agora, tínhamos as águas do Ribeirão, e sua astuta correnteza, nos cercando.
Pelo telefone, a comunidade continuava com seu grito de socorro. À medida que a noite avançava, o desespero aumentava, refletido nos ininterruptos chamados ao telefone 190. A cada telefonema, uma história de horror e desgraça nos alcançava. Pelo rádio, o que os policiais militares, homens e mulheres reportavam não era menos estarrecedor. Desmoronamentos, alagamentos, chuva torrencial e o rio, que fazia valer a sua qualificação de “Açu”, que em Guarani significa grande. O Itajaí-Açu alargava suas margens e engolia a cidade, engolia o vale.
O COPOM se viu envolto em um medonho frenesi. Dividíamos o espaço com os funcionários do SAMU, para alguns deles, a primeira experiência em catástrofes. Rapidamente a situação na cidade se deteriorou e o caos se instalou. Os deslizamentos não paravam. Morte e destruição em cada telefonema. Patrimônios, sonhos e vidas eram levados pelas avalanches de terra. Não demorou muito para que nossas viaturas se vissem sitiadas, suas rotas estavam bloqueadas, idem para as viaturas do SAMU. O socorro não circulava mais. Não chegava e quando chegava não saía. Estávamos vivendo algo inédito. Nunca antes tínhamos enfrentado situação parecida. Era uma guerra contra um inimigo astucioso, mas covarde. Batalhas eclodiam em todos os cantos da cidade na forma de deslizamentos, que produziam baixas e mais baixas entre os moradores. A luta era inglória. O número de vítimas ganhava corpo de forma assustadora.
Começamos a receber toda a carga da fúria da natureza. A cidade era atacada por todos os lados. Uma força descomunal a estava devorando, literalmente. Já não eram mais sinais, era todo o furor em seu esplendor máximo; a cidade estava com suas entranhas expostas. Entranhas famintas, que afloravam para o banquete diabólico. A terra dos morros se liquefazia e descia a encosta levando anos de trabalho duro, de sonhos, de projetos, de patrimônio duramente conquistado, de vidas, vidas e mais vidas. Entre as solicitações de ajuda, uma veio da Rua José Reuter, no Ristow, dando conta de que cerca de quinze casas haviam desmoronado como que em um efeito dominó, em que as pedras do jogo são casas, são vidas. Será que aquela mãe com seu bebê de dezoito dias foram atingidos? Passados dez dias daquela noite, ainda não sei. Falta-me coragem para retornar e saber daquelas pessoas. Acho que prefiro não saber. Uma contabilização macabra foi desenvolvida no COPOM. Tentávamos imaginar a quantidade de mortos, com base nas súplicas, nos pedidos desesperados por socorro que nos chegavam. Isso na Polícia Militar; e no Corpo de Bombeiros? Nem dava para imaginar.
Já havíamos perdido a energia elétrica e usávamos o sistema de suporte para emergência, um conjunto de baterias administradas por um software. Aos poucos este sistema foi falhando. Os computadores apagaram. Fazia horas que estávamos à luz de velas. Apenas o rádio e telefone 190 funcionavam. Não tínhamos mais como fazer os registros. O sistema rádio, que é ligado aos computadores foi perdido junto com eles; conseguíamos operar apenas através de um rádio tipo HT (aqueles rádios que os policias usam na cintura). Todo o sistema de segurança da cidade, ligado à manutenção da ordem pública, dependia de uma mísera bateria de HT, e quando ela acabasse... Em meio ao caos que assolava a cidade e se refletia em cada policial ilhado naquela sala, um soldado se aproxima de mim e com os olhos arregalados diz: “Major estão morrendo lá fora e não podemos fazer nada!” Simplesmente assenti com a cabeça. No pátio do quartel, aquela lâmina de água agora já tinha mais de um metro de espessura e era varrida por uma forte correnteza. Pensei comigo: se este prédio resistir e não desabar, podemos dizer que temos sorte.
Passados alguns instantes, perdemos o telefone 190. Todo o sistema caiu, e a bateria do HT resistia bravamente. Aos poucos, fomos percebendo o silêncio e como que um alívio tomou conta do ambiente. As más notícias não paravam de chegar, só que agora em menor número, apenas pela comunicação com as viaturas. Fomos informados de que um gasoduto explodira em Gaspar. Qual o tamanho da destruição? Havia mortos? Quantos? Apenas especulações. Aquela noite de terror estava longe de terminar. Pela janela do COPOM podíamos enxergar por detrás dos morros a claridade do incêndio no gasoduto. Diante de nós, uma paisagem diabólica ganhou forma. A claridade do incêndio era como que um pôr do sol, ou uma lua cheia a iluminar a morte e a destruição que se abatia sobre a cidade, que alagada desmoronava sob o seu próprio peso.
Terra, água e fogo estavam juntos, unidos contra os habitantes do vale. Desta forma, a primeira noite foi vencida e chegou o dia. O primeiro de uma seqüência de dias macabros. Dias que mostraram toda a nossa impotência e incompetência diante da fúria grotesca da natureza, que, sem pedir licença, foi devorando o que encontrava pela frente. Dias que mostraram, também, como a nossa arrogância pode potencializar as forças da natureza quando esta simplesmente resolve seguir seu curso normal. Mas, ainda não tínhamos conhecido o verdadeiro drama, o tamanho da tragédia. Era só o começo!

Paulo Roberto Bornhofen

Major da Polícia Militar de Santa Catarina e escritor.
Membro da Academia de Letras Blumenauense, da Academia de Letras de Canelinha e da Sociedade Escritores de Blumenau.


(Texto publicado com a autorização do autor)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Novo Livro de Márcia Sanchez Luz


Editora Protexto lança "Porões Duendes", segundo livro de Márcia Sanchez Luz, com prefácio de Leila Míccolis



Devemos ler “Porões Duendes” porque a autora, Márcia Sanchez Luz, é visceralmente poeta. E como todo poeta, tem o amor como parte integrante de sua alma. Sua inteligência poética está muito acima da média. Sua presença literária ultrapassa fronteiras. Basta ler nas orelhas deste livro suas credenciais extremamente importantes. Ninguém conquista os inúmeros títulos que Márcia amealhou sem um trabalho sério, competente, técnico, paradoxalmente permeado, em sua essência, ao profundo amor que ela generosamente transborda em tudo que faz.Depois do sucesso do livro “No Verde dos Teus Olhos”, Ed.Protexto, 2007, resolveu alçar vôos mais ousados. Inspirada nos grandes poetas parnasianos, enveredou pela difícil arte da construção de sonetos e o resultado está nas páginas deste “Porões Duendes”, fruto de estudo, dedicação, esforço e principalmente do imenso talento literário, orgulho de todos que têm o privilégio de conhecer sua obra.

Airo Zamoner - Editor

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Márcia Sanchez Luz recebe o Prêmio Dardos



O blog Márcia Sanchez Luz recebe o Prêmio Dardos, através do blog Links e Thinks, de Leila Míccolis.


“Com o Prêmio Dardos reconhecemos os valores que cada blogueiro mostra a cada dia no empenho em transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, em demonstrar, em suma, sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.”


Leila, meu coração em festa agradece a homenagem.

Márcia Sanchez Luz


Relação dos blogs por mim escolhidos para receber o Prêmio Dardos

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Como Detectar um Espelho Espião


VOCÊ SABE SE É VERDADEIRO OU FALSO O ESPELHO EM QUE ESTÁ SE OLHANDO?

"COMO DETECTAR UM ESPELHO ESPIÃO" é uma informação fornecida pela polícia de costumes. Quando você estiver hospedada num hotel ou pousada, usando a cabine de experimentador de roupas numa loja de departamentos, ou mesmo servindo-se de um banheiro público, preste atenção nos espelhos do local: sem saber, você pode estar sendo espionada em sua intimidade. Por isso não custa nada fazer o teste abaixo.

Esta informação não é para assustá-la, é apenas para alertá-la. Quando utilizam toaletes, banheiros públicos, cabines de experimentadores de roupas, reservados de clubes, academias de exercícios físicos etc., quantas mulheres podem ter a certeza de que os espelhos do local, aparentemente iguaizinhos aos comuns, não são aparelhos de visão em duas direções? Espelhos de visão em duas direções são aqueles em que você vê sua imagem refletida, mas que, por trás dele, alguém pode estar vendo (ou espionando) tudo que você faz -- como os usados nos programas de TV 'Casa dos Artistas’ e 'BigBrother’.

Tem havido muitos casos de pessoas instalando espelhos de visão em duas direções em locais freqüentados por mulheres para filmá-las, fotografá-las ou simplesmente espioná-las em sua intimidade. É muito difícil identificar corretamente o tipo de um espelho apenas olhando-se para ele. Então, como determinar com boa dose de precisão que tipo de espelho é o que você está vendo? De uma forma muito simples -- faça apenas o teste a seguir.

Toque com a ponta de uma unha a superfície que está refletindo a sua imagem. Se houver um espaço entre sua unha e a imagem refletida, o espelho é genuíno. O espaço que aparece equivale à espessura do vidro, porque a parte do espelho que reflete sua imagem é a do fundo do vidro, não a parte da frente. Mas, se a unha encosta diretamente na imagem, sem haver qualquer espaço entre a unha e o reflexo, CUIDADO COM ELE, POIS É UM ESPELHO DE VISÃO EM DUAS DIREÇÕES. Nele, a parte reflexiva é a da frente, não a do fundo do vidro. Então, lembre-se: cada vez que você estiver diante de um espelho suspeito, faça o 'teste da unha': tem que haver um espaço! Se não houver, aproveite e chame a polícia, pois este é um crime previsto em lei.

Mulher, ensine este teste às suas amigas de qualquer idade. Homens, esclareçam este fato para suas esposas, filhas, namoradas, noivas ou qualquer mulher de suas relações humanas e sociais: elas têm o direito de proteger sua intimidade da espionagem por olhares indiscretos e covardes!

É isso aí.

E tenham um bom dia.

Galliano (Alfredo Galliano)

-- em Jundiaí, preocupado com a ética na vida cotidiana

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Gonçalves Dias





Biografia

(1823 - 1864)

Nascido no Maranhão, filho de pai português e mãe provavelmente cafuza, Gonçalves Dias se orgulhava de ter no sangue as três raças formadoras do povo brasileiro: a branca, a índia e a negra. Após a morte do pai, sua madrasta mandou-o para a Universidade em Coimbra, onde ingressou em 1840. Atravessando graves problemas financeiros, Gonçalves Dias é sustentado por amigos até se graduar bacharel em 1844. Retornando ao Brasil, conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, grande amor de sua vida.
Em 1847, publica os Primeiros Cantos. Esse livro lhe trouxe a fama e a admiração de Alexandre Herculano e do Imperador Dom Pedro II, que, a partir de então, o nomeia para diversos cargos públicos. Em 1851, pede a mão de Ana Amélia em casamento. Recusado pela família da amada, casa-se, no ao seguinte, com Olímpia da Costa. Em 1862, seriamente adoentado, vai se tratar na Europa. Já em estado deplorável, em 1864 embarca no navio Ville de Boulogne para retornar ao Brasil. O navio naufraga na costa maranhense no dia 3 de novembro de 1864. Salvam-se todos a bordo, menos o poeta, que, já moribundo, é esquecido em seu leito.


Soneto

Baixel veloz, que ao úmido elemento
A voz do nauta experto afoito entrega,
Demora o curso teu, perto navega
Da terra onde me fica o pensamento!

Enquanto vais cortando o salso argento,
Desta praia feliz não se desprega
(Meus olhos, não, que amargo pranto os rega)
Minha alma, sim, e o amor que é meu tormento.

Baixel, que vais fugindo despiedado
Sem temor dos contrastes da procela,
Volta ao menos, qual vais tão apressado.

Encontre-a eu gentil, mimosa e bela!
E o pranto que ora verto amargurado,
Possa eu então verter nos lábios dela!


Canção Do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Saciedade dos Poetas Vivos Digital vol. 7


SACIEDADE DOS POETAS VIVOS Nº 7 – ANTOLOGIA DIGITAL DE BLOCOS ONLINE


• ALICE RUIZ – Uma das mais famosas haicaistas brasileiras, escritora, letrista-parceira de Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes, Zeca Baleiro, entre outros, e letras gravadas por Cássia Eller, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto e Gal Costa, entre outros, e com diversos livros publicados • CARLOS SEABRA – Nasceu em Lisboa, e mora em São Paulo desde 1969. É editor multimídia, criador de jogos, consultor e desenvolvedor de aplicações de tecnologia em educação e em cultura, diretor do IPSO – Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos, conselheiro da UBE – União Brasileira de Escritores, conselheiro do Instituto Astrogildo Pereira. Além de poesia escreve microcontos • DÉBORA BUENO É mineira, médica, psiquiatra, tendo trabalhado na Universidade Estadual de Campinas por cerca de vinte anos, onde, dentre outras atividades, dedicou-se à implantação de um ambulatório público de psicoterapia psicanalítica, do qual foi supervisora. Atualmente exerce a clínica em seu consultório; a poesia – para Débora – é um ampliar de espaços • JANIA SOUZA – Norte-riograndense, ativista cultural, escritora, artista plástica, diretora de Eventos da SPVA/RN – Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN; integra a APPERJ - Associação Profissional dos Poetas e Escritores do Rio de Janeiro, o Clube de Escritores de Piracicaba/SP; e a UEB/RN - União dos Escritores do Brasil - Seção RN; presidiu a COEDUC – Cooperativa Educacional do RN, integrou o Conselho Municipal de Cultura em 2005 e a Comissão Normativa da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão nos biênios 2004/05 e 2002/03, tendo sido eleita como suplente para o biênio 2008/09. • JANICE MANSUR – Niteroiense, licenciada em Letras com habilitação em Português e Literaturas de Língua Portuguesa, especialização em Leitura e Produção Textual, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), ministra aulas em instituições de ensino público, para o Estado do Rio de Janeiro e o município de Cabo Frio; em 1983, no III Concurso de Poesias do Colégio Maria Thereza (Niterói/RJ), obtém o 1º e 2º lugares, com dois poemas interpretados pelo ator e diretor Cláudio Handrey. A partir de então, obtém mais prêmios literários. Trabalha também como revisora e copidesque, e, além de poemas, escreve contos e roteiros • JOÃO NILO – Paulista, Auditor, formado em Ciências Contábeis pela Universidade Mackenzie. Músico, tendo cursado a Universidade Livre de Música “Tom Jobim”, bem como técnica musical e harmonia com o maestro Roberto Bueno. Tem participado de oficinas voltadas à escrita e à poesia em instituições como o Espaço Cultural Haroldo de Campos – “Casa das Rosas”. Foi aluno de Leila Miccolis no curso on line de carpintaria poética • LENINHA – Carioca, radicada em Brasília desde 1960, é formada em jornalismo e trabalha no Banco Central. No Banco, em duas redes internas de poesia e literatura, chamadas SPM e Cultnet, começou a divulgar os seus poemas e alguns desenhos. Mais tarde, através de busca pela internet, encontrou Blocos Online, que hospeda seu site, feito por Felipe Magalhães, Urhacy Faustino e Leila Míccolis; participa ativamente do portal, no qual integra a Equipe de Apoio (clicar em “Créditos”, na capa de Blocos) • MAURICIO GONÇALVES – Graduado em Letras, Mestre em Teoria da Literatura (Literatura Comparada), e Doutorando, na mesma área, na UFRJ, Curso de Artes Dramáticas na Faculdade da Cidade, diretor e ator teatral (inclusive integrante do Teatro de Arte Popular, nos anos 90), ator também de cinema (O que é isso, companheiro? , Cidade dos Homens, O Auto da Compadecida, etc.) e do núcleo de teledramaturgia da TV Globo • MÔNICA BANDERAS – Carioca, escritora, digitadora, revisora, artista plástica, escultora, webdesigner, capista ("Escancara! " e "Literatura Século XXI", vol. 1 são de sua autoria), ilustradora, organizadora de antologias para a Editora Blocos – prosa e poesia –, participando também de diversas publicações da Editora. Livros solos: "Papiloscopia – Digitais de borboleta" e, posteriormente, "It" esgotados. É também produtora de eventos • SANDRA FONSECA – Mineira, de Montes Claros, reside em Belo Horizonte desde 1981. Escreve poemas desde a adolescência, quando também iniciou sua participação em concursos de poesia e festivais da canção. Formada em Psicologia pela Universidade FUMEC, especialista em Hipnose Eriksoriana, trabalha atualmente como psicoterapeuta e Psicóloga Social do Centro de Referência Especializado em Assistência Social da cidade de Nova Lima. Participa de alguns sites de literatura da Internet, e participou da antologia poética da editora RB, "Antologia Escritores Brasileiros e Autores em Língua Brasileira” • SANDRA SOUZA – Natural de São Paulo. É graduada em Letras e Comunicação Social, Mestre e Doutora em administração de empresas. Foi professora de português em escolas públicas de ensino médio e fundamental e na Universidade em disciplinas de comunicação social. Atualmente coordena projetos de consultoria e treinamento para o setor público. Formou docentes para a gestão pública em Cabo Verde, Moçambique, e São Tomé e Príncipe, países que integram a comunidade de Países Africanos de Expressão Portuguesa – PALOP's, com financiamento da Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional – ASDI • SIDNEI OLIVIO – Nasceu em São José do Rio Preto/SP. Biólogo,exerce a função de Auxiliar Acadêmico do Departamento de Zoologia e Botânica do IBILCE-UNESP, desde 1985. Tem dois livros de poesias editados em co-autoria (“Zoopoesias”, 1999, Ed. Rio-pretense e “Poesia Animal”, 2003, Ed. Sterna) e um livro de contos editado em co-autoria (Mutações, 2002, Ed. Scortecci). Participa de mais quinze coletâneas, entre elas, Leituras de Brasil, 2001, Ed. da UNESP e Petali d'Infinito, Accademia Internazionale Il Convivio, Itália, 2002. Tem publicações em vários sites de literatura e em três e-books de poesia infantil e poesia minimalista • SONINHA PORTO – Sônia Maria Ferraresi, pseudônimo Soninha Porto, de Cruz Alta, interior do RS, vive em Porto Alegre. É Relações Públicas e promove eventos culturais. Está em oito antologias e fez, neste ano de 2008, parceria com o Proyecto Cultural Sur, coordenando a primeira Antologia "Poemas à Flor da Pele". Administra a Comunidade virtual do Orkut, de mesmo nome, onde realiza festivais literários, concursos e divulga autores novos e consagrados no espaço ou em E-books virtuais • THATY MARCONDES – Natural do interior de São Paulo e radicada em Ponta Grossa desde 2001, onde atuou como Conselheira Municipal de Literatura (biênio 2005/2006), época em que idealizou o projeto POESIA DE PONTA (Semana de Poesia dos Campos Gerais) realizada em março de 2007 e 2008. Autodidata, em 2005 participou da 13ª Oficina Literária on-line do SESC/SP, ministrada pelo premiado escritor João Silvério Trevisan, e em 2006 da Oficina de Poesias ministrada pelo poeta Carlito Azevedo, escolhida através de seleção para ambas. Colunista fixa do site BLOCOS ONLINE e da revista virtual FOLHA DA SERRA; integrante do grupo ANJOS DE PRATA. Em 2008 recebeu o troféu Destaque "Cárola Callegaris Boá" (Ponta Grossa/PR) na categoria Literatura • ULISSES TAVARES – Jornalista em jornais, revistas, TV e Web, publicitário (especializado em marketing), co-terapeuta corporal, compositor-letrista , dramaturgo, roteirista, produtor cultural, escritor de literatura infanto-juvenil, poeta performático, com mais de 8 milhões de livros de poesia vendidos, comemorando em 2008 suas bodas de ouro poéticas. É também editor, promotor cultural • VERA CASA NOVA – Nasceu no Rio de Janeiro e mora em Belo Horizonte desde 1978. É professora da Faculdade de Letras da UFMG. Ensaísta e pesquisadora de poéticas contemporâneas (CNPQ). Diversos livros publicados, e também ensaios em revistas nacionais e internacionais, além da organização dos livro. Atualmente tem programa na Rádio UFMG Educativa, chamado UM TOQUE DE POESIA, que vai ao ar todos os dias pela manhã e à noite • XENÏA ANTUNES – Nasceu no Rio de Janeiro e reside em Brasília desde o início dos anos sessenta. Escreve poemas, contos, crônicas e artigos, tem dois livros de poesia publicados. É artista plástica, com pinturas acrílicas sobre telas e nanquim, aquarelas e outras técnicas sobre papel. Em multimídia, trabalha com imagens e webdesign. E diz-se fotógrafa compulsiva.

Para ler a obra, acesse Blocos Online.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Amor Rarefeito




Se pensas que meu coração não cansa
das inverdades ditas como em fitas
de velhos filmes, quando a dor em lança,
sufoca o peito por tantas desditas.

Se pensas que me calas com voz mansa
e que me alentas com raras visitas,
esquece tudo e pesa na balança
as minhas mãos, vazias, sós, aflitas.

Espero assim que entendas que é finito
o amor que, rarefeito, não me basta;
é como o ar, preciso dele todo!

Caso contrário, serei ser extinto
por ter da vida tudo o que me afasta
e que não quero. Nego-me ao engodo!


© Márcia Sanchez Luz

sábado, 6 de setembro de 2008

Falta de luz faz noivos se casarem com mulheres erradas na Índia



Nova Délhi, 5 set (EFE) - Uma falta de luz em plena cerimônia de casamento em um templo hindu do sul da Índia, na região de Tamil Nadu, levou dois noivos a se casarem com as mulheres erradas, informou hoje a agência indiana "PTI".

O incidente ocorreu na quinta-feira à noite no templo Sri Subramaniaswami da localidade de Periyakulam, quando era celebrado um casamento "em massa" - como é comum no sul da Índia -, no qual participavam cerca de 40 casais.

Justamente na hora de os noivos colocarem simultaneamente os "mangalsutras" (colares sagrados) no pescoço das noivas, um gesto que marca o fim da cerimônia matrimonial hindu, faltou luz no templo, que estava lotado.

Em meio à confusão e à escuridão, Veerachamy, em vez de colocar o colar em Subbulakshmi, sua noiva, o colocou na mulher ao lado dessa e o mesmo aconteceu com Balamurugan, para consternação de sua prometida, Sivakami.

O erro foi descoberto em seguida e levou os responsáveis do templo a improvisar uma "parikara puja", uma espécie de reza "corretora", que permitiu retirar os dois "mangalsutras" para colocá-los nos pescoços das noivas certas.

Os responsáveis do templo se desculparam, explicando que o local estava lotado, já que os 40 casais tinham chamado parentes e amigos para a cerimônia de casamento.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Dor emocional dura mais que dor física


Dores emocionais, como a da separação, são mais duradouras

Experiências emocionalmente dolorosas sobrevivem mais tempo na memória que a dor física, afirmaram psicólogos americanos.
O estudo da Universidade Purdue, em Indiana, foi feito com base em respostas de voluntários, todos universitários, sobre os eventos dolorosos que eles tinham vivenciado nos últimos cinco anos.
Primeiro, eles foram estimulados a recordar dores físicas e emocionais que haviam vivenciado. Depois, foram submetidos a um difícil teste mental, partindo do princípio de que quanto mais dolorosa a lembrança da experiência, pior o desempenho nos testes.
O resultado sugeriu que as lembranças de dores emocionais eram muito mais vívidas que as outras. Nos testes, as pessoas que recordaram de dores físicas se saíram melhor.

Leia a reportagem completa no site da BBC Brasil

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Mona Dorf entrevista Márcia Sanchez Luz


Deixo aqui um convite muito especial para mim. No próximo dia 29 de agosto, sexta-feira, será transmitida a entrevista que concedi à Mona Dorf, do Jornal O Estado de São Paulo. A entrevista irá ao ar entre 11h30 e meio dia pela Rádio Eldorado AM 700 kHz. Entretanto, acredito que só a cidade de São Paulo consiga sintonizar nesta rádio. De qualquer modo, a mesma ficará armazenada no portal do Estadão nos links de podcast:

O Estado de São Paulo

Território Eldorado


E também poderá ser ouvida em:

Letras & Leituras

Neste caso, basta clicar em meu nome e, então, em "ouvir a entrevista".

domingo, 24 de agosto de 2008

Poema Inédito de Delasnieve Daspet



Profissão de Fé!

Delasnieve Daspet


Deixo-me seduzir.
Disponho-me a servi-lo
Com minha força e capacidade.

Renuncio a mim mesma;
Sigo-te fiel e intrépida,
Rompendo as seguranças,
Abandonando projetos,
Para testemunhar o que me for solicitado...

Exponho-me as injúrias.
Calo minhas angústias
Por não alcançar objetivos traçados!

E demonstro minha fragilidade
Nas dores que exaurem meu arcabouço,
Pálida e exangue figura!...

Não! Não contarei os fatos,
Presentes, no traçado de meus atos.

Contarei o que me anima.
Toda minha força, na profundidade da minha fé,
Firme, na denúncia de injustiças
Que corroem valores e ceifam vidas...

Quero viver a partilha solidária
Da palavra, do pão, da fé,
Nos exemplos que semeias e transmites,
Que na paixão pela vida
Realizas dia a dia!

Campo Grande-MS-24.08.08


(poema publicado com a autorização da autora)


sábado, 9 de agosto de 2008

Autobiografia



Se é pra dizer quem sou
Vou logo anunciando:
Não tem ser que me domine
Nem presentes que me atraiam!

Se acaso alguém desejar
Minha vida legislar
Viro bicho num segundo
Nem sei de onde oriundo!

Não ouse tentar trocar
O que sou pelo que você tem...

Mas se quiser me agradar
Uma dica vou lhe dar:

Se for pra me presentear
Não me peça pra escolher
O que desejo ganhar...

Quem me conhece bem sabe
Que adoro ser manhosa
E que fico toda prosa
Com um carinho, desabo!

Se um mimo quiser me dar
Aceito de bom grado
Se este for abnegado.

Mas não tente me deter
Pois minha vida vou seguir
Você querendo ou não
Do jeito que eu bem quiser.


© Márcia Sanchez Luz