sexta-feira, 27 de junho de 2008

domingo, 22 de junho de 2008

Soneto a Machado de Assis




Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
Em teu perfume trazes a magia
da paz ausente em dias de ternura.
Dá-me o caminho de tua calmaria!

Preciso achar-te, flor que tudo cura!
A chaga aberta dói em demasia
e sofro inquieta a minha desventura,
sem encontrar no íntimo alegria.

Estar perdida aqui só me afiança
que a vida assim não vai aliviar
a dor que queima em mim feito fornalha.

Mas inda resta um pouco de esperança
de um dia enfim a Flor, do céu, brotar:
Perde-se a vida, ganha-se a batalha.


© Márcia Sanchez Luz


Observação da autora: Os versos de número 1 e 14 são de Machado de Assis. Para entender a razão deste soneto, leia abaixo:

Dom Casmurro (Um soneto) por Machado de Assis Capítulo LVI

Dita a palavra, apertou-me as mãos com as forças todas de um vasto agradecimento, despediu-se e saiu. Fiquei só com o Panegírico, e o que as folhas dele me lembraram foi tal que merece um Capítulo ou mais. Antes, porém, e porque também eu tive o meu Panegírico, contarei a história de um soneto que nunca fiz: era no tempo do seminário, e o primeiro verso é o que ides ler:

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!

Como e por que me saiu este verso da cabeça, não sei; saiu assim, estando eu na cama como uma exclamação solta, e, ao notar que tinha a medida de verso, pensei em compor com ele alguma cousa, um soneto. A insônia, musa de olhos arregalados, não me deixou dormir uma longa hora ou duas; as cócegas pediam-me unhas, e coçava-me com alma. Não escolhi logo, logo, o soneto; a princípio cuidei de outra forma, e tanto de rima como de verso solto. Afinal ative-me ao soneto. Era um poema breve e prestadio. Qual à idéia, o primeiro verso não era ainda uma idéia, era uma exclamação; a idéia viria depois. Assim na cama, envolvido no lençol. tratei de poetar. Tinha o alvoroço da mãe que sente o filho, e o primeiro filho. Ia ser poeta, ia competir com aquele monge da Bahia pouco antes revelado, e então na moda; eu, seminarista, diria em verso as minhas tristezas, como ele dissera as suas no claustro. Decorei bem o verso, e repetia-o em voz baixa, aos lençóis; francamente achava-o bonito, e ainda agora não me parece mau:

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!

Quem era a flor? Capitu, naturalmente; mas podia ser a virtude, a poesia, a religião, qualquer outro conceito a que coubesse a metáfora da flor, e flor do céu. Aguardei o resto, recitando sempre verso, e deitado ora sobre o lado direito, ora sobre o esquerdo; afinal deixei-me estar de costas, com os olhos no tecto, mas nem assim. vinha mais nada. Então adverti que os sonetos mais gabados eram os que concluíam com chave de ouro, isto é, um desses versos capitas no sentido e na forma. Pensei em forjar uma de tais chaves, considerando que o verso final, saindo cronologicamente dos treze anteriores, com dificuldade traria a perfeição louvada; imaginei que tais chaves eram fundidas antes da fechadura. Assim foi que me deter minei a compor o último verso do soneto, e, depois de muito suar, saiu este:

Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

Sem vaidade, e falando como se fosse de outro, era um verso magnífico. Sonoro, não há dúvida. E tinha um pensamento, a vitória ganha à custa da própria vida, pensamento alevantado e nobre. Que não fosse novidade, é possível, mas também não era vulgar; e ainda agora não explico por que via misteriosa entrou numa cabeça de tão poucos anos. Naquela ocasião achei-o sublime. Recitei uma e muitas vêzes a chave de ouro, depois repeti os dous versos seguidamente, e dispus-me a ligá-los pelos doze centrais. A idéia agora, à vista do último verso, pareceu-me melhor não ser Capitu; seria a justiça. Era mais próprio dizer que, na pugna pela justiça, perder-se-ia acaso a vida, mas a batalha ficava ganha. Também me ocorreu aceitar a batalha, no sentido natural, e fazer dela a luta pela pátria, por exemplo; nesse caso a flor do céu seria a liberdade. Esta acepção porém, sendo o poeta um seminarista, podia não caber tanto como a primeira, e gastei alguns minutos em escolher uma ou outra. Achei melhor a justiça, mas afinal aceitei definitivamente uma idéia nova a caridade, e recitei os dous versos, cada um a seu modo, um languidamente:

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!

e o outro com grande brio:

Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

A sensação que tive é que ia sair um soneto perfeito. Começar bem e acabar bem não era pouco. Para me dar um banho de inspiração, evoquei alguns sonetos célebres, e notei que os mais deles eram facílimos; os versos saíam uns dos outros, com a idéia em si, tão naturalmente, que se não acabava de crer se ela é que os fizera, se eles é que a suscitavam. Então tornava ao meu soneto, e novamente repetia o primeiro verso e esperava o segundo; o segundo não vinha, nem terceiro, nem quarto; não vinha nenhum. Tive alguns ímpetos de raiva, e mais de uma vez pensei em sair da cama e ir ver tinta e papel; pode ser que, escrevendo, os versos acudissem, mas...
Cansado de esperar, lembrou-me alterar o sentido do último verso, com a simples transposição de duas palavras, assim:

Ganha-se a vida, perde-se a batalha!

O sentido vinha a ser justamente o contrário; mas talvez isso mesmo trouxesse a inspiração. Neste caso, era uma ironia: não exercendo a caridade, pode-se ganhar a vida, mas perde-se a batalha do céu. Criei forças novas e esperei. Não tinha janela; se tivesse, é possível que fosse pedir uma idéia à noite. E quem sabe se os vagalumes luzindo cá embaixo, não seriam para mim como rimas das estrelas, e esta viva metáfora não me daria os versos esquivos, com os seus consoantes e sentidos próprios?
Trabalhei em vão, busquei, catei, esperei, não vieram os versos. Pelo tempo adiante escrevi algumas páginas em prosa, e agora estou compondo esta narração, não achando maior dificuldade que escrever, bem ou mal. Pois, senhores, nada me consola daquele soneto que não fiz. Mas, como eu creio que os sonetos existem feitos, como as odes e os dramas, e as demais obras de arte, por uma razão de ordem metafísica, dou esses dous versos ao primeiro desocupado que os quiser. Ao domingo, ou se estiver chovendo, ou na roça, em qualquer ocasião de lazer, pode tentar ver se o soneto sai. Tudo é dar-lhe uma idéia e encher o centro que falta.

Fonte: http://pt.wikisource.org/wiki/Dom_Casmurro/LV

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Menção Honrosa em Concurso da UBT





Concurso União Brasileira de Trovadores – UBT / Tremembé - SP

Tema: Fortaleza

Grupo 2 Nacional


Se no destino há tristeza,
de encontro às pedras, eu sigo,
construindo a fortaleza
que me servirá de abrigo.

© Márcia Sanchez Luz

(Menção Honrosa)



COMISSÃO JULGADORA DO GRUPO. 2 NACIONAL E INTERNACIONAL1.

Ademar Macedo – RN -
poetaademar@yahoo.com.br

2. José Valdez – SP -
josevaldezcastromoura@yahoo.com.br

3. Maurício Cavalheiro – SP -
mc_cavalheiro@yahoo.com.br

4. Miguel Russowsky - SC -
miguelrussowsky@hospitalsaomiguel.com.br

5. Vicente Liles de Araújo Pereira – SP -
vliles1303@itelefonica.com.br


Esta e as demais trovas e seus respectivos autores constarão do 1º Livro de Trovas desta 1ª Etapa do Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor, a ser editado em dezembro deste ano de 2008
. As demais trovas serão deletadas, CONFORME REGULAMENTO DO CONCURSO.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Movimento Poetas del Mundo - www.poetasdelmundo.com

Soneto de J.J. Oliveira Gonçalves


Sensual Miragem...

© J.J. Oliveira Gonçalves


www.celitomedeiros.com.br

Procuro minha Amada de Outras Eras
Aquela dos cabelos noite-escura!
De ventre sensual... Fruta madura
Metáfora de ardentes Primaveras!

Procuro a Flor mais bela e delicada
Macia qual nenúfar - e trigueira!
Que em Êxtase gemia... E feiticeira
Desabrochava nua e almiscarada!

Me fiz este beduíno do deserto
A Alma em Solidão... O peito aberto
Buscando meu Oásis... meu Crescente!

E quando o ruivo Sol dá vez à Lua
Na tenda eu te vislumbro: Bela e nua...
Miragem (do deserto) tão somente!

(Soneto enviado por e-mail pelo autor)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Festa de Blocos Online, em São Paulo



Dia 28 de junho, das 15 às 17 horas, na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37)





Vamos comemorar o 12º aniversário de Blocos Online, juntamente com o lançamento do livro de poesias de Bilá Bernardes, Fotografia de Descasamento. A organização do evento é da escritora e "promoter" Dora Dimolitsas.


Concurso Cultural


Concurso cultural PAGE NOT FOUND!!!

Objetivo

Os participantes deverão completar a história iniciada abaixo tendo em conta o estilo do blog PAGE NOT FOUND.

"Acordei no meio da noite agitado (a) por causa de um pesadelo. Levantei-me da cama e fui até a janela, quando vi..."

- A conclusão da história deverá ser enviada até 12h de 12 de junho para

fernando.moreira@oglobo.com.br

Para mais informações, acesse o Page Not Found.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Carinhos Especiais





Apaixonada
© Glorinha Gaivota


Tem momentos
Que uma paixão intensa
Toma conta do meu peito
Eu me sinto incandescente
Iluminada
Totalmente apaixonada
Pelo momento vivido

Agora
Eu estou assim
Encantada
Totalmente irradiada
Por uma poesia que eu li

Ela entrou no meu peito
Percorreu minhas veias
Tocou minha mente
E se instalou sorrateira
Em minha alma

Eu estou encantada
Realmente
Eu só posso me erguer a ti
Num gesto de aclamação

Palmas
Por tão bela escrita
Obrigado por esse momento apaixonante
Que me sorveste
Desse gozo da vida

Obrigada Poetisa
Márcia Sanchez Luz

Sua poesia
É luz

Glórinha Anchieta – GG
Noite de outono
05/06/2008


Obrigada, Glorinha, pela formatação de meu soneto "Desvario", assim como por sua homenagem a mim em forma de poema.

sábado, 31 de maio de 2008

Soneto de Luís Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver

© Luís Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Leitura Recomendada - 1968: o ano em que foi proibido proibir

Revista do Correio das Artes 49


1968: o ano em que
foi proibido proibir


Greve de estudantes na França, passeata dos cem mil e ditadura no Brasil, festival de woodstock, movimento hippie, roda viva, glauber rocha, josé martinez correa, tropicália, primavera de praga, guerra do vietnã, pop arte, 2001 uma odisséia no espaço, jovem guarda... tudo ao mesmo tempo agora. 1968 foi um ano emblemático na história do mundo. Parece que tudo aconteceu naquele ano.
40 anos depois, o Correio das Artes conta a história de 1968 numa edição especial de 60 páginas, com textos e depoimentos nas mais diversas áreas política e cultural.
Para contar a história daquele emblemático ano, o Correio das Artes convidou um time de peso: Amador Ribeiro Neto, Rinaldo de Fernandes, Affonso Romano de Sant´Anna, Moacyr Scliar, Bráulio Tavares, João Batista de Brito, Sérgio de Castro Pinto, Marcos Tavares, Fernando Teixeira, José Octávio de Arruda Melo, Almandrade, Leila Miccolis, Rodrigo de Souza Leão, Ronaldo Costa Fernandes, Astier Basílio, W.J. Solha, Homero Fonseca, Jussara Salazar e muitos outros.

Confira a matéria na íntegra no Blog do Correio das Artes


O Correio das Artes é o suplemento literário mais antigo em circulação no Brasil. Circula encartado, mensalmente, aos finais de semana no Jornal A União, em João Pessoa, Paraíba, em formato revista. Fundado por Édson Régis em 27 de março de 1949, é editado por Linaldo Guedes, reportagens de Calina Bispo e Patrícia Braz, tem como colunistas João Batista de Brito, Amador Ribeiro Neto, Hildeberto Barbosa Filho, Astier Basílio e Rinaldo de Fernandes, editoria de Artes de Cícero Félix, diagramação de Roberto Amorim e está aberto a colaborações de qualquer parte do país.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nota de Falecimento enviada por Nestor Kirjner


From: Nestor Kirjner

Caros Amigos e Amigas, Amantes da Cultura,

Iniciamos o dia de hoje com triste nota sobre o falecimento, na cidade de Goiânia, da poetisa Maria de Lourdes Reis, Presidente Perpétua da Casa do Poeta Brasileiro, Seção Brasília. Fundadora dessa Instituição, Maria de Lourdes Reis foi sua Presidente por cerca de duas décadas, identificando- se definitivamente com a Poesia de Brasília, e prolongou sua longa agonia de modo a não interferir na festa comemorativa aos 30 anos da Casa, comemorada com brilho e sensibilidade no último sábado, dia 24 de maio.

Na oportunidade, vale relembrar aos colegas da Poesia Musicada que devemos a Maria de Lourdes Reis a iniciativa de, pela primeira vez em Brasília, numa academia dedicada exclusivamente à Literatura, ter sido convidado um poeta musical para fazer parte da Diretoria de um sodalício literário. Se a Poesia Tradicional, editada, perde um de seus nomes mais expressivos e reconhecidos, nós, adeptos da Poesia Musical, perdemos uma espécie de madrinha. Maria de Lourdes foi nossa preceptora, a dirigente que abriu as portas da Poesia brasiliense à nossa participação formal e, como tal, deve e deverá ser sempre reverenciada pelos cultores desse tipo de expressão artística.

Também por isso, mas principalmente pela história e o talento poético singulares daquela que nos deixou, serei grato aos amigos que queiram colaborar na divulgação, dentre os colegas da Poesia, dessa dolorosa notícia.

Atenciosamente,

Nestor Kirjner
Diretor da Seção Brasília da "Casa do Poeta Brasileiro"
Cônsul dos "Poetas del Mundo" no Lago Sul

domingo, 25 de maio de 2008

Delasnieve Daspet é condecorada na França



Advogada de MS é condecorada na França pela Academie Arts Sciences Lettres
23/05/08 13:47
Por: Marco Eusébio, da assessoria da OAB-MS

Foto:Divulgação

Delasnieve Daspet na sede da Embaixada Brasileira em Paris

Campo Grande (MS) – A advogada Delasnieve Miranda Daspet de Souza, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB-MS, que também é poetisa, escritora e embaixadora de Poetas Del Mundo, foi uma das personalidades brasileiras e portuguesas condecoradas nesta semana em Paris (França) pela Academie Arts Sciences Lettres coroada pela Academie Francesa, sob o alto patronato do presidente da França Nicolas Sarkozy, por relevantes serviços prestados as artes e a cultura.

Conforme relato da jornalista Diva Pavesi que testemunhou o evento, a cerimônia na capital francesa foi aberta pela Orquestra do Corpo de Bombeiros de Yvelines que executou o Hino Nacional Brasileiro, o Hino do Marrocos e da França. O presidente da Academie Arts Sciences Lettres, Jocelyn Pinoteau, enfatizou a honra de estar à frente dessa instituição que defende e encoraja todos aqueles que promovem as artes, ciências, letras e cultura em geral.

Além da advogada de Campo Grande, outros brasileiros homenageados foram: o prefeito de Campinas (SP), Helio Oliveira Santos; o autor de histórias em quadrinhos Mauricio de Souza, com a Medalha de Vermeil, representado pelo presidente da Editora Dargot que está lançando no mercado francês o livro de historias em quadrinho de Ronaldinho Gaucho; a compositora erudita Rita Amaral, o artista plástico da Bahia, Terciliano Júnior, o artista plástico de Porto Alegre Alci Bubols, a artista plástica de Goiás, Adriane Campos, o ator Antonio Interlandi, que já recebeu o premio Moliére na França, e Gustavo Siqueira, presidente do Prêmio Gigantes.