Este canto é para os que se encantam com a poesia, com a vida, com a natureza, com a alma humana, em suas mais diversas facetas.
sábado, 31 de maio de 2008
Soneto de Luís Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver
© Luís Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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