sábado, 31 de maio de 2008

Soneto de Luís Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver

© Luís Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Leitura Recomendada - 1968: o ano em que foi proibido proibir

Revista do Correio das Artes 49


1968: o ano em que
foi proibido proibir


Greve de estudantes na França, passeata dos cem mil e ditadura no Brasil, festival de woodstock, movimento hippie, roda viva, glauber rocha, josé martinez correa, tropicália, primavera de praga, guerra do vietnã, pop arte, 2001 uma odisséia no espaço, jovem guarda... tudo ao mesmo tempo agora. 1968 foi um ano emblemático na história do mundo. Parece que tudo aconteceu naquele ano.
40 anos depois, o Correio das Artes conta a história de 1968 numa edição especial de 60 páginas, com textos e depoimentos nas mais diversas áreas política e cultural.
Para contar a história daquele emblemático ano, o Correio das Artes convidou um time de peso: Amador Ribeiro Neto, Rinaldo de Fernandes, Affonso Romano de Sant´Anna, Moacyr Scliar, Bráulio Tavares, João Batista de Brito, Sérgio de Castro Pinto, Marcos Tavares, Fernando Teixeira, José Octávio de Arruda Melo, Almandrade, Leila Miccolis, Rodrigo de Souza Leão, Ronaldo Costa Fernandes, Astier Basílio, W.J. Solha, Homero Fonseca, Jussara Salazar e muitos outros.

Confira a matéria na íntegra no Blog do Correio das Artes


O Correio das Artes é o suplemento literário mais antigo em circulação no Brasil. Circula encartado, mensalmente, aos finais de semana no Jornal A União, em João Pessoa, Paraíba, em formato revista. Fundado por Édson Régis em 27 de março de 1949, é editado por Linaldo Guedes, reportagens de Calina Bispo e Patrícia Braz, tem como colunistas João Batista de Brito, Amador Ribeiro Neto, Hildeberto Barbosa Filho, Astier Basílio e Rinaldo de Fernandes, editoria de Artes de Cícero Félix, diagramação de Roberto Amorim e está aberto a colaborações de qualquer parte do país.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nota de Falecimento enviada por Nestor Kirjner


From: Nestor Kirjner

Caros Amigos e Amigas, Amantes da Cultura,

Iniciamos o dia de hoje com triste nota sobre o falecimento, na cidade de Goiânia, da poetisa Maria de Lourdes Reis, Presidente Perpétua da Casa do Poeta Brasileiro, Seção Brasília. Fundadora dessa Instituição, Maria de Lourdes Reis foi sua Presidente por cerca de duas décadas, identificando- se definitivamente com a Poesia de Brasília, e prolongou sua longa agonia de modo a não interferir na festa comemorativa aos 30 anos da Casa, comemorada com brilho e sensibilidade no último sábado, dia 24 de maio.

Na oportunidade, vale relembrar aos colegas da Poesia Musicada que devemos a Maria de Lourdes Reis a iniciativa de, pela primeira vez em Brasília, numa academia dedicada exclusivamente à Literatura, ter sido convidado um poeta musical para fazer parte da Diretoria de um sodalício literário. Se a Poesia Tradicional, editada, perde um de seus nomes mais expressivos e reconhecidos, nós, adeptos da Poesia Musical, perdemos uma espécie de madrinha. Maria de Lourdes foi nossa preceptora, a dirigente que abriu as portas da Poesia brasiliense à nossa participação formal e, como tal, deve e deverá ser sempre reverenciada pelos cultores desse tipo de expressão artística.

Também por isso, mas principalmente pela história e o talento poético singulares daquela que nos deixou, serei grato aos amigos que queiram colaborar na divulgação, dentre os colegas da Poesia, dessa dolorosa notícia.

Atenciosamente,

Nestor Kirjner
Diretor da Seção Brasília da "Casa do Poeta Brasileiro"
Cônsul dos "Poetas del Mundo" no Lago Sul

domingo, 25 de maio de 2008

Delasnieve Daspet é condecorada na França



Advogada de MS é condecorada na França pela Academie Arts Sciences Lettres
23/05/08 13:47
Por: Marco Eusébio, da assessoria da OAB-MS

Foto:Divulgação

Delasnieve Daspet na sede da Embaixada Brasileira em Paris

Campo Grande (MS) – A advogada Delasnieve Miranda Daspet de Souza, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB-MS, que também é poetisa, escritora e embaixadora de Poetas Del Mundo, foi uma das personalidades brasileiras e portuguesas condecoradas nesta semana em Paris (França) pela Academie Arts Sciences Lettres coroada pela Academie Francesa, sob o alto patronato do presidente da França Nicolas Sarkozy, por relevantes serviços prestados as artes e a cultura.

Conforme relato da jornalista Diva Pavesi que testemunhou o evento, a cerimônia na capital francesa foi aberta pela Orquestra do Corpo de Bombeiros de Yvelines que executou o Hino Nacional Brasileiro, o Hino do Marrocos e da França. O presidente da Academie Arts Sciences Lettres, Jocelyn Pinoteau, enfatizou a honra de estar à frente dessa instituição que defende e encoraja todos aqueles que promovem as artes, ciências, letras e cultura em geral.

Além da advogada de Campo Grande, outros brasileiros homenageados foram: o prefeito de Campinas (SP), Helio Oliveira Santos; o autor de histórias em quadrinhos Mauricio de Souza, com a Medalha de Vermeil, representado pelo presidente da Editora Dargot que está lançando no mercado francês o livro de historias em quadrinho de Ronaldinho Gaucho; a compositora erudita Rita Amaral, o artista plástico da Bahia, Terciliano Júnior, o artista plástico de Porto Alegre Alci Bubols, a artista plástica de Goiás, Adriane Campos, o ator Antonio Interlandi, que já recebeu o premio Moliére na França, e Gustavo Siqueira, presidente do Prêmio Gigantes.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Trilogia




Sabor ao vento de uma calmaria.
Transpiro afagos, doces fantasias!
Verdade incerta, porém que me alenta.

Serenidade!

Tristeza insana que nunca se acalma
nas noites frias de canções vazias.
Corações secos – onde está a alma?

Insanidade!

Calor profundo que me assola o ventre!
O amor surgiu, leve e passageiro,
trazendo a febre de um furor festeiro.

Corporeidade!


© Márcia Sanchez Luz

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Crônica de Rosa Pena


Isto é virtual?

© Rosa Pena

Entro apressada e com muita fome na confeitaria. Escolho uma mesa bem afastada do movimento, pois quero aproveitar a folga para comer e passar um e-mail urgente para meu editor. Peço uma porção de fritas, um sanduíche de rosbife e um suco de laranja.Abro o laptop. Levo um susto com aquela voz baixinha atrás de mim.

— Tia, dá um trocado?

— Não tenho, menino.

— Só uma moedinha para comprar um pão.

— Está bem, compro um para você.

Minha caixa de entrada está lotada de e-mails. Fico distraída vendo as poesias, as formatações lindas. Ah! Essa música me leva a Londres.

— Tia, pede para colocar margarina e queijo também.

Percebo que o menino tinha ficado ali.

— Ok, vou pedir, mas depois me deixa trabalhar. Estou ocupadíssima.

Chega minha refeição e junto com ela meu constrangimento.
Faço o pedido do guri, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto “ir à luta”. Meus resquícios de consciência me impedem de dizer sim.
Digo que está tudo bem, que o deixe ficar e traga o pedido do menino.

— Tia, você tem internet?

— Tenho sim, essencial ao mundo de hoje.

— O que é internet?

— É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar. Tem de tudo no mundo virtual.

— E o que é virtual?

Resolvo dar uma explicação simplificada, na certeza de que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha deliciosa refeição, sem culpas.

— Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer, criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que ele fosse.

— Legal isso. Adoro!

— Menino, você entendeu o que é virtual?

— Sim, também vivo neste mundo virtual.

— Nossa! Você tem computador?

— Não, mas meu mundo também é desse jeito...virtual. Minha mãe trabalha, fica o dia todo fora, só chega muito tarde, quase não a vejo. Eu fico cuidando do meu irmão pequeno que chora de fome e eu dou água para ele imaginar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas não entendo pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há muito tempo, mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos, ceia de Natal, e eu indo ao colégio para virar médico um dia.
Isso é virtual, não é tia?


OBS da autora: Esta crônica consta de meu livro preTextos, editora all print. Registrada na biblioteca nacional desde junho de 2003, circula na net com autoria desconhecida.Deixei a data em que foi publicada esta crônica no site Recanto e a obs que eu já tinha posto. Ela está em 34 sites desde março de 2004, em 2 livros impressos no papel. Também foi publicada em revistas e consta de meu e-book Eu & a Net.Possui 32 versões em pps. Em 6 vem com minha autoria. Nas demais foi retirada.Utopia minha, mas sempre sonharei com um mundo mais justo, onde filhos possuam pais e prosas & poesias... Autorias.
Obrigada a quem divulgar minha autoria.

Rosa Pena

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Arthur da Távola, uma estrela no céu...


Amor Maduro


© Arthur da Távola
(3 de janeiro de 1936 – 9 de maio de 2008)


O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas quase silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento. Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.
O amor maduro somente aceita viver os problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão. Basta-se com o todo do pouco. Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e a sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério. É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.
O amor maduro não disputa, não cobra, pouco pergunta, menos quer saber.
Teme, sim. Porém, não faz do temor, argumento. Basta-se com a própria existência. Alimenta-se do instante presente valorizado e importante porque redentor de todos os equívocos do passado. O amor maduro é a regeneração de cada erro. Ele é filho da capacidade de crer e continuar, é o sentimento que se manteve mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais com epidemias de ciúme.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem. Não reivindica, consegue. Não persegue, recebe.
Não exige, dá. Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Soneto de João Justiniano da Fonseca à Márcia Sanchez Luz


ESPERAR

© João Justiniano da Fonseca

6-05-08 17:25 h

Para a sensibilidade poética Márcia Luz.

"Espero a noite que me acorde os sonhos",
espero o vento que me leve o barco;
já não espero o tempo, conto apenas
chegar ao porto onde fincar o marco...

"Espero a noite que me acorde os sonhos",
já não espero a luz do amanhecer...
As ilusões se foram para norte
só torna sul na hora em que morrer...

"Espero a noite que me acorde os sonhos",
como um retorno ao tempo de onde vim.
De certo, a noite vem fechar-me os olhos...

"Espero a noite que me acorde os sonhos",
neste final de tempo que é limite.
Ninguém tem recomeço, mas tem fim...


Olha Márcia, amiga.
Pus a alma nessa coisinha simples.
"Espero a noite que me acorde os sonhos",
Márcia Sanchez Luz
em "Inalienável Veto".

Muita paz e muita luz
João


Obrigada, João, por este seu carinho, que tanto me faz feliz.




Convite - Mostra de Fotografias Analógicas



sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ao Som de Madrigais




No ocaso deste acaso em que me vejo,
me perco em muitas curvas longilíneas:
tuas mãos em meus cabelos, benfazejo,
ao som de madrigais nas noites minhas.

Prefiro o teu perfume ao meu incenso
de mirra ou de jasmim quando em teu colo!
Porém quando te afastas, te dispenso.
Não esperes que eu te queira, não me imolo!

E por não ser mentira é que profiro
que a noite não passou de uma cantiga
deixada ao léu depois de alguns suspiros.

Tampouco vou querer ver teu delírio
em busca de um prazer que não mitiga
a sede deste amor que em vão aspiro.



© Márcia Sanchez Luz