EVOLUTION
© Caio Martins
(Img: Explosão nuclear - web)
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Já podemos explodir
- dizem os jornais -
o planeta centenas de vezes,
o planeta centenas de vezes,
- Que coisa!... uma só seria demais...
Ao léu pasta o gado
ao matadouro
pasta o gado...
O poeta é um saltimbanco
o poema é um vagabundo
que pode um verso inútil
contra um míssil nuclear?
A bomba de nêutrons
derreterá a arte
ninguém dá parte
e pelas avenidas se entulham
androides enlatados
em conserva, entalados
cuja sobrevivência é um vício
cuja inconsciência é um ofício.
Ao léu pasta o gado
ao matadouro
pasta o gado...
No espaço sideral há brilhos
sinistros de metais
enquanto a vida abaixo escorre
condenada
desenfreada
por trilhos virtuais.
Ao léu pasta o gado
ao matadouro
pasta o gado...
No limite do planeta
os limites por um triz
a liberdade ancilosada
é velha locomotiva a vapor
se decompondo nas pradarias
enquanto em órbitas, estelares
espaciais engenhos reluzentes
se (de)codificam, frenéticos
sobre os destinos do planeta
e seus piolhos patéticos...
Ao léu pasta o gado
ao matadouro
pasta o gado...
(26/06/1987 - Pensão da Zulmira)
(Poema publicado com a autorização do autor)
A realidade em forma de sonho, beijo Lisette.
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