domingo, 28 de março de 2010

Ney Matogrosso - "Viajante" (TV Manchete, 1984)

Ney Matogrosso é uma das pessoas mais doces que tive o privilégio de conhecer.
Agora há pouco passei no "Prosa e Verso de Boteco", site de Caio Martins (do qual faço parte), lendo uma prosa poética da Zenaide Negrão, intitulada "Viajante" e não resisti à vontade de publicar este vídeo.
Zê, obrigada por provocar em mim o desejo de revisitar Ney e seu Viajante!

Márcia Sanchez Luz

quarta-feira, 24 de março de 2010

AS VOZES DA POESIA



© Lílian Maial


Que venham todas essas vozes da poesia,
Infernizar-me e blasfemar em meus ouvidos!
Pois que o poeta é um mensageiro da agonia,
E é nessa voz que há o despertar de ecos feridos.

Se tu te calas, calo em mim a melodia,
que os nossos verbos, sem as pautas, são perdidos.
E um simples verso no silêncio bastaria
para avivar esses poemas esquecidos.

Todas as rimas fazem coro na sarjeta,
alardeando que o poeta inexpressivo
perdeu o prumo, o calendário e a vil caneta.

Assim me calo, como tu, sem ter amor,
sem essa voz que acalmaria a borboleta
que se debate sem ouvir a voz da flor.


(Soneto publicado com a autorização da autora)

domingo, 21 de março de 2010

A poesia de Humberto Rodrigues Neto


PALHAÇO TAMBÉM CHORA



© Humberto Rodrigues Neto


Ambos jovens, aos palcos desta vida
subimos, cada qual com seu papel;
vivendo ora a comédia divertida,
ora um enredo de ilação cruel.

Interpretamos cada riso ou pranto
apaixonada e primorosamente,
e ao longo do sucesso que era tanto,
a vida foi andando para a frente!

Mas eis que um dia, entre um ato e outro
do amor o enredo a declinar começa;
sais de um roteiro e te colocas noutro,
rendida ao charme do vilão da peça!

De principal ator eu regredi
a este fantoche que tu vês agora;
finda a comédia é que eu compreendi
por que é que às vezes um palhaço chora!


(Poema publicado com a autorização do autor)


domingo, 7 de março de 2010

Celebrando o Dia Internacional da Mulher


Inalienável Veto



Mero traço que no peito abraça,
abarca em brisas soltas teu sorriso,
mas em vão sequer protege meu achado
das rudes ventanias que destronam a paz!

Quero a semente que te aleita a vida!
Em forma de sustento, o alento é puro.
Se na semeadura teu lago é mais fundo,
que então teus grãos possam nutrir meus dias.

Secreto a ti meus mais parvos idílios!
Caprichos tolos, porém verdadeiros.
E na pujança de meus devaneios
espero a noite que me acorde os sonhos.

Estreitas brumas impelem-me a alma
a transgredir preceitos tão abjetos!
Pois que de tola já me basta a crença
de ser em mim inalienável veto.


© Márcia Sanchez Luz