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terça-feira, 16 de abril de 2013

Um soneto de Nathan de Castro


Sina de Poeta

© Nathan de Castro


Nem tanto pelo sol, nem tanto pela chuva...
somente pra viver rabisco estes sonetos.
Nem tanto pelo mar, nem tanto pelos rios,
nem pelas madrugadas das noites escuras.

Saudade dos teus olhos, dos beijos de uva?
Do abraço, do sorriso e até dos desafetos?
Saudade dos canteiros, línguas e arrepios?
Dos sabores dos vinhos das nossas loucuras?

Nem tanto por teus olhos, mais pelo silêncio
de rebuscar momentos, sonhos e querências...
nem tanto pelo estrago aqui dentro do peito!

quero "o" poema... e a lua sabe a sua essência,
mas não conta o segredo e a minha sina, aceito.
Se sei poeta, vou morrer sem tê-lo feito!

terça-feira, 3 de julho de 2012

FEITO AVE

Edir Pina de Barros










Nos ermos entre a rosa e seus espinhos
existe um mundo denso, indecifrável,
cortado por veredas, mil caminhos,
etéreo como os sonhos. Impalpável!

Um mundo onde o tempo é interminável,
sem sentimentos sórdidos, mesquinhos...
sem dores. Sem penares. Inefável!
Aonde vamos todos, aos pouquinhos...

E assim a vida explode no universo,
transcende a vil matéria, voa aos céus
cortando seus espaços, feito nave.

Quando o poeta canta e chora em verso
esgarça desse mundo, seus mil véus
e voa nos seus céus, qual fosse ave.


(Soneto enviado pela autora)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

DILEMA

Marco Bastos


Riacho na sombra - Courbet















Eu trago nesse canto em pauta, por dilema
sofrido pensamento à beira dum riacho
com tocha que se acende em rochas sem poema
perdido em meu conflito aflito onde me acho.

Se encontro em desencontro a trama do problema
começo e já reparto a questão de alto a baixo
divido bem o todo em partes-teorema
e são coisas que igualo a causas que não encaixo.

Sinto a dualidade e a vida se bifurca
em cada encruzilhada à frente do caminho
- no canto do meu fado a vida quer mazurca.

À margem do riacho ao olhar redemoinho,
a voragem que cega à noite me conspurca
querendo alinhar água e água é desalinho.


 


terça-feira, 8 de maio de 2012

ALGUM DE VOCÊS ME PEDIU UM SONETO?












Maria João Brito de Sousa


Ouves o Sol a rir, junto à tapada?
Nem sei por que me apresso a despedir
Se acabo de inventar um sol a rir
E assim, quase a partir, nem me dói nada…

Destas conversas - sempre à hora errada! -
Dizendo o que não posso definir
Ou evocando um tempo de partir
Que um dia quis levar-me antecipada,

Deixo este não-sei-quê que não me assusta,
Que me leva e me traz – pouco me custa… –
E acaba por gravar-me um verso ou dois

Que a chibata me vibra, em marca adusta,
Como se fosse só pr`a tornar justa
A dor, menor, que irei sentir depois…


(Soneto publicado com a autorização da autora)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Márcia Sanchez Luz no Jornal O Globo

Revista Megazine do Jornal O Globo, de 9 de agosto de 2011, publica soneto "Vida", de Márcia Sanchez Luz




(Exemplar enviado por Berg Nascimento.)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Caio Martins

DESCOMPASSO

Para Jeanne

















(img: linga-3 - christian coigny)


Por que temer, mulher, que eu me desfaça
nas guerras de teu mundo incoerente
que dilaceram teus véus de inocente
essência elementar, com tua graça?

Quisera fosse o mundo indiferente
a tal ardor sutil mas que ameaça
a ordem do universo enquanto traça
vitrais de cicatrizes indecentes.

Desatas tuas bandeiras e sidérea
orbitas aos desmandos do que eu faço
só por querer-te assim tão louca e séria.

E vai-se enfim a noite em descompasso
de dança calcinada e já cinérea
enquanto dormes, farta, em meu cansaço.


Fonte: Caio Martins - Poemas e Crônicas

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Glauco Mattoso

2.279 - SONETO A LEILA MÍCCOLIS












Que tem de pequenina, tem de terna.
Concentra em si um pouquinho da maneira
de cada mulher brava brasileira:
Pagu, Tarsila, Anita. Ela é moderna.

Por décadas de luta, já governa
o mundo alternativo, farta feira
de arte, em vibrações de feiticeira:
Assim é Leila Míccolis, eterna.

Respeito a seus direitos ela cobra.
Ao bom comportamento é sempre avessa.
À fácil caretice não se dobra.

A frase lapidar dessa cabeça
é verso que resume grande obra:
"Falo do óbvio, antes que me esqueça."


Do livro: "Geléia de Rococó - Sonetos Barrocos", Edições Ciência do Acidente, SP, 1999

Fonte: Site de Leila Míccolis

domingo, 20 de março de 2011

A poesia de Cicero Melo


SONETO DE PONTA VERDE


© Cicero Melo


Thalassa e mãe, colar de azul e sódio
E cromo das marés em vagas claras.
Diversos sobre os verdes, febre, fólio
E tempo derramado e luz afásica.

Potrancas, nus, de deusas e cavalas;
Declives sublimados, fumo e bócio,
Lábios, leitos e lúcias laceradas
Sob a madeira do mar, imposto e ócio.

Isto é do mar que morto é manteúdo
Dos afagos do corpo não crismado,
Dos brinquedos do sexo e, sobretudo,

Isto é do mar que rosna – um cão danado,
Inubo, pubo, rubo, ludo, tudo
Nas vozes de outro mar recuperado.


(Soneto, ainda inédito em livro, enviado por email pelo autor)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mea Culpa


Antero de Quental
18.04.1842 - 11.09.1891


Não duvido que o mundo no seu eixo
Gire suspenso e volva em harmonia;
Que o homem suba e vá da noite ao dia,
E o homem vá subindo insecto o seixo.

Não chamo a Deus tirano, nem me queixo,
Nem chamo ao céu da vida noite fria;
Não chamo à existência hora sombria;
Acaso, à ordem; nem à lei desleixo.

A Natureza é minha mãe ainda...
É minha mãe... Ah, se eu à face linda
Não sei sorrir: se estou desesperado;

Se nada há que me aqueça esta frieza;
Se estou cheio de fel e de tristeza...
É de crer que só eu seja o culpado!


domingo, 15 de agosto de 2010

Hino à Nossa Senhora do Patrocínio de Araras


De autoria de Márcia Sanchez Luz, o soneto celebra a elevação da Igreja Matriz de Araras à Sacrossanta Basílica Nossa Senhora do Patrocínio.

A cidade, localizada no interior de São Paulo, está em festa.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Soneto de Fernando Pessoa


Fernando Pessoa, por Almada Negreiros


Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão noturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quimera


© Regina Coeli


À tarde, quando o sol em despedida
Beija a faceira lua, apaixonado,
Quisera estar com ela, lado a lado,
Amando-a sem chegada nem partida.

A lua, meigamente enlanguescida,
Se mostra ao sol em branco perolado;
Quisera tê-lo em céu bem estrelado
E só a ele amar por toda a vida...

Destino traiçoeiro, quem traçou?
Negar amor a amantes no infinito
Somente nega quem jamais amou...

Ardeu paixão o sol, raiando em grito
Na luz que a amada lua então gestou,
Parindo o seu luar, manso e bonito!


(Soneto publicado com a autorização da autora)

quarta-feira, 24 de março de 2010

AS VOZES DA POESIA



© Lílian Maial


Que venham todas essas vozes da poesia,
Infernizar-me e blasfemar em meus ouvidos!
Pois que o poeta é um mensageiro da agonia,
E é nessa voz que há o despertar de ecos feridos.

Se tu te calas, calo em mim a melodia,
que os nossos verbos, sem as pautas, são perdidos.
E um simples verso no silêncio bastaria
para avivar esses poemas esquecidos.

Todas as rimas fazem coro na sarjeta,
alardeando que o poeta inexpressivo
perdeu o prumo, o calendário e a vil caneta.

Assim me calo, como tu, sem ter amor,
sem essa voz que acalmaria a borboleta
que se debate sem ouvir a voz da flor.


(Soneto publicado com a autorização da autora)