COMO UM PRESENTE
Rubens Jardim
O que eu vou guardar da tua infância
Não é a superfície mansa e lisa da tua pele.
Também não é o olhar livre da menina
Que te habita desde a origem da vida.
O que eu vou guardar da tua infância
É uma coisa indizível e impartilhável.
Talvez seja a primeira expressão lírica
Que impressionou tua alma. O grito
Sem som. O espelho sem imagem.
A palavra sem papel.
O que eu vou guardar da tua infância
não é o eternizado chão de terra
Onde se achava inscrito o teu futuro.
Também não é a casa da meninice
Anoitecendo à luz de velas e lamparinas.
O que eu vou guardar da tua infância
É uma coisa indizível e impartilhável.
Talvez seja a fragilidade do teu rosto
Onde o destino jamais poderia dar
Uma bofetada. Ou ainda o abismo
Sem a queda. A escada sem degrau.
A porta sem a parede.
O que eu vou guardar da tua infância
Não é a paisagem real e transitiva
Suspensa em plataforma de súplica.
Também não é a provisória criança
Maravilhada diante das lições da eternidade.
O que eu vou guardar da tua infância
É uma coisa indizível e impartilhável.
Talvez seja a tua graça caminhando
Pela mesma trilha dos ventos nas montanhas.
Ou ainda as estrelas sem a noite.
As crianças sem o medo. Os cachorros sem quintais.
O que eu vou guardar da tua infância
É o substrato que te acompanha
Nessa viagem rumo ao desconhecido.
É o teu modo pleno de estar aqui
Revelando sinais do inaparente e do inexpresso.
Não é a superfície mansa e lisa da tua pele.
Também não é o olhar livre da menina
Que te habita desde a origem da vida.
O que eu vou guardar da tua infância
É uma coisa indizível e impartilhável.
Talvez seja a primeira expressão lírica
Que impressionou tua alma. O grito
Sem som. O espelho sem imagem.
A palavra sem papel.
O que eu vou guardar da tua infância
não é o eternizado chão de terra
Onde se achava inscrito o teu futuro.
Também não é a casa da meninice
Anoitecendo à luz de velas e lamparinas.
O que eu vou guardar da tua infância
É uma coisa indizível e impartilhável.
Talvez seja a fragilidade do teu rosto
Onde o destino jamais poderia dar
Uma bofetada. Ou ainda o abismo
Sem a queda. A escada sem degrau.
A porta sem a parede.
O que eu vou guardar da tua infância
Não é a paisagem real e transitiva
Suspensa em plataforma de súplica.
Também não é a provisória criança
Maravilhada diante das lições da eternidade.
O que eu vou guardar da tua infância
É uma coisa indizível e impartilhável.
Talvez seja a tua graça caminhando
Pela mesma trilha dos ventos nas montanhas.
Ou ainda as estrelas sem a noite.
As crianças sem o medo. Os cachorros sem quintais.
O que eu vou guardar da tua infância
É o substrato que te acompanha
Nessa viagem rumo ao desconhecido.
É o teu modo pleno de estar aqui
Revelando sinais do inaparente e do inexpresso.
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